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São João: como vivem os forrozeiros?

São João: como vivem os forrozeiros?

Em entrevista exclusiva com cantor Zé Costa, ele explica como funciona os aspectos da vida de um cantor de forró

| Autor: Paulo Dourado

Foto: Reprodução/ arquivo pessoal

Em meio aos sons das músicas festivas e as danças contagiantes do São João, a curiosidade se lança sobre a vida dos cantores de forró. Entrando nessa atmosfera, que é marcada pelas bandeirinhas e som das sanfonas, adentramos a vida de Zé Costa, um sanfoneiro, de mais de 50 anos de carreira em músicas do forró tradicional de festas juninas.  Em uma conversa exclusiva, Zé Costa compartilha suas percepções sobre o impacto econômico do período junino, revelando os desafios e as oportunidades que se apresentam a ele tanto na época quanto depois das festividades típicas.

Contando de sua carreira, Zé, que tem mais de 50 anos de palco, explicou que os palcos estão cada vez mais difíceis de conseguir se apresentar com o forró tradicional, já que hoje, as entidades que organizam as grades do show estão dando preferência para o que está em alta: “hoje, quem organiza os shows do são joão só querem colocar nos palcos quem está bombando na internet, mesmo não sendo música típica do são joão. O que mais se vê hoje, é cantor de sertanejo e arrocha se apresentando e não tendo espaço para nós em uma época que deveria ser nossa” desabafou.

Reprodução/ arquivo pessoal

Além de cantor de forró, Zé Costa toca gaita e violão, e contou um pouco de como funciona a vida de músico fora do São João: “Normalmente planejo apresentações com violão e canto. Não sou cantor de bar. Fora de época junina, acabo tocando  mais músicas populares de grandes artistas como Gilberto Gil, Chico Buarque e outros fenômenos da história da música popular brasileira.” comentou o cantor.

Pagando as contas

Sobre a economia, o sanfoneiro destacou que, mesmo com essa carreira longeva, ele não consegue viver apenas da música, nem em época de São João: “ Trabalho com a música o ano todo, mas os shows não conseguem me bancar e bancar minha família, nem mesmo na época de São João, que estou mais em alta. Acabo trabalhando na loja da minha esposa durante o ano, e trabalhando em diversos lugares para me manter. A música alimenta minha alma, mas não alimenta minha família”.

O cantor ainda falou um pouco sobre a economia em geral dos sanfoneiros, que a grande maioria não consegue se bancar apenas com a música: “Não tem pra onde correr, tirando uns 3 ou 4 nomes do forró tradicional, como Adelmário Coelho, todos os outros necessitam de outro emprego para alimentar a família. É comum oferecerem 800 reais para você ir tocar no interior, mas só o transporte de ida e volta já acaba com esse valor, fazendo show de graça, praticamente.” finalizou.
 

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