Trump intensifica tensões comerciais com nova tarifa sobre veículos
Imposto de 25% sobre automóveis importados entra em vigor em abril e gera forte reação global

Foto: Jim WATSON / POOL / AFP
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (27) a imposição de uma tarifa de 25% sobre veículos importados, aumentando a tensão em torno de uma possível guerra comercial.
A nova tributação, que entrará em vigor no próximo dia 3 de abril, impacta diretamente automóveis e caminhões leves. A decisão foi tomada apenas um dia depois de Trump anunciar a adoção de tributos recíprocos contra países que, segundo ele, prejudicam a economia dos EUA.
No ano de 2024, os Estados Unidos importaram aproximadamente US$ 474 bilhões em produtos do setor automotivo. Entre os principais fornecedores estão México, Japão, Coreia do Sul, Canadá e Alemanha, todos aliados históricos de Washington. Para a Europa, que já enfrenta desafios diplomáticos devido à guerra na Ucrânia e à fragilização de alianças transatlânticas, as tarifas representam um golpe severo.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, criticou a medida: "Ruim para as empresas, pior para os consumidores". No Canadá, o primeiro-ministro Mark Carney classificou as tarifas como um "ataque direto" e afirmou que o governo está tomando providências.
"Defenderemos nossos trabalhadores, defenderemos nossas empresas, defenderemos nosso país e o defenderemos juntos", declarou Carney durante coletiva em Ottawa.
Com as montadoras europeias registrando perdas bilionárias no mercado de ações nesta manhã, o ministro da Economia da Alemanha reforçou a necessidade de uma resposta enérgica por parte da União Europeia. "O que importa agora é ter uma resposta firme da UE a essas tarifas. É preciso deixar claro que não aceitaremos isso de braços cruzados", afirmou em comunicado à imprensa.
A Associação da Indústria Automobilística da Alemanha também expressou preocupação, alertando que a decisão dos EUA coloca em risco a vitalidade econômica do país. "Sinal fatal".
Na França, o ministro das Finanças, Eric Lombard, descreveu a medida como "notícias muito ruins" e sugeriu que a União Europeia reaja aumentando suas próprias tarifas. Enquanto isso, o Reino Unido está reavaliando sua isenção e considerando revisar os subsídios concedidos à Tesla, empresa de Elon Musk.
O CEO da consultoria financeira global Vere Group também comentou sobre os impactos da decisão. "Nada disso resulta em mais empregos ou melhores salários. Isso leva a vendas lentas, crédito mais caro e possíveis demissões -- exatamente o que uma economia frágil não precisa".
A China também se posicionou através de seu Ministério das Relações Exteriores, alegando que a ação dos EUA viola as diretrizes da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Não contribui para a solução de seus próprios problemas", afirmou o órgão em comunicado.
Com a escalada das tensões, o impacto global da nova política tarifária ainda é incerto, mas especialistas alertam para um possível efeito cascata na economia internacional.