Notícias
Cidade
Medo toma conta da Estação Pirajá uma semana após atentado com tiroteio e morte

Medo toma conta da Estação Pirajá uma semana após atentado com tiroteio e morte

Ação criminosa deixou uma vítima fatal e sete pessoas baleadas; Polícia segue investigação, mas ninguém foi preso ainda

| Autor: Vinicius Viana*

Foto: Domingos Junior/Varela Net

Medo, tensão, muita cautela e olhares desconfiados. Esse é o clima atualmente entre os comerciantes, rodoviários e as pessoas que passam diariamente pela Estação Pirajá, em Salvador, após o atentado a tiros que aconteceu na última sexta-feira (1º), e deixou um morto e outras sete pessoas baleadas.

Uma semana depois da tragédia, os ambulantes que passam a maior parte do dia no terminal, os rodoviários, que conduzem cerca de 110 mil passageiros por dia no local, e os transeuntes, que precisam pegar o transporte público diariamente e, às vezes, passam até mais de uma vez por lá, ainda mostram receio quando o assunto é segurança.

A equipe do Varela Net esteve no local para saber o que as pessoas têm feito para seguir o fluxo do dia normalmente, mesmo com uma sombra repleta de medo, receios e incertezas que pairam em suas mentes. Até porque, como diz aquele velho ditado: “Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas”.

Leia também:

Varela cobra reforço do policiamento na Estação Pirajá após atentado a tiros

URGENTE! Trem do metrô de Salvador tomba após descarrilar em Pirajá

Conhecida por vender os famosos “passa-tempos da sua viagem”, uma vendedora ambulante, que pediu para não ser identificada, contou que presenciou o ataque a tiros e que testemunhou o desespero das pessoas, principalmente as que estavam caídas no chão, feridas e ensanguentada após serem baleadas. 

“Estava no momento do ataque e me assustei. Eu me escondi, e graças a Deus não aconteceu nada grave. Seguro me sinto só com Deus. Nós estamos sujeitos a qualquer coisa [na rua]”, iniciou. 

Em outro trecho, ela foi enfática ao dizer que os roubos e furtos são constantes na Estação Pirajá. Ela aproveitou para sugerir mudanças para reforçar a segurança e revelou que já foi vítima dos criminosos no local. 

“Eu acho que a estação deveria ser como antes: pagar para entrar. O ambiente deveria ser fechado só para aqueles que pagam a entrada, pois eles vêm, têm acesso livre e fazem o que querem. Eles saqueiam a gente, eu não posso mais ter a minha barraca aqui. Estou liquidando [os produtos] aqui. Não vou colocar mais, porque roubam as coisas da gente”, completou. 

Medo no ponto

Há um ano frequentando a Estação Pirajá para ir trabalhar, um jovem, que pediu para não ter o nome divulgado por medo de represália, relatou que não se sente seguro enquanto está aguardando o ônibus. Ele relatou que foi testemunha ocular de ações criminosas, que constantemente aterrorizam os passageiros no local.

“Já presenciei mais de dez vezes pessoas no ponto e alguém chegar, ‘bafar’ o celular, sair correndo e o segurança não fazer nada, ou não ter policial por perto. O cara assaltar mesmo com a arma na mão e não acontecer nada”, relatou o jovem, temeroso que ele seja a próxima vítima.

Há 14 anos trabalhando como rodoviário, um motorista, que também pediu para ter a identidade preservada, contou que o clima de insegurança tomou conta dos passageiros e colegas de trabalho dentro da estação Pirajá. Ele revelou que  a insegurança já paraiva no local, mas após o tiroteio ficou ainda pior.

“É todo dia aqui esse negócio de assalto. Eles querem celular e o roubo é na mão grande, sem armas, pois eles sabem que não vão ficar presos”, relatou, acrescentando que sua paz foi roubada diante das situações e que trabalhar com medo já virou rotina.


Em nota enviada ao Varela Net, a Polícia Cívil da Bahia informou que a “2ª DH/Central segue com as investigações da morte” de umas das vítimas do atentado e que estão escutando testemunhas para levantar mais informações sobre o ocorrido. Em outro trecho, a Polícia Civil pontuou que imagens de câmeras de segurança estão sendo analisadas para identificar os autores dos crimes.

Até o fechamento desta matéria, a Polícia Militar não havia respondido sobre os questionamentos da nossa equipe de reportagem. 

Confira o vídeo da reportagem:

 

*Sob a supervisão do editor Rafael Tiago Nunes

Tags

Notícias Relacionadas