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Desvendando o Racismo Recreativo: O perigo dos memes nas redes

Desvendando o Racismo Recreativo: O perigo dos memes nas redes

11 de janeiro deste ano, o presidente Lula (PT) sancionou uma alteração na Lei Contra o Racismo de 1989

| Autor: Ramilton Silva

Foto: Freepik

O uso de memes nas redes sociais virou uma forma comum de se comunicar e se divertir, principalmente entre os jovens. Com muito humor e simplicidade, os memes são rapidamente compartilhados, criando uma cultura onde qualquer assunto pode virar piada. Porém, essa prática, que parece inofensiva, muitas vezes esconde problemas sérios, como o racismo recreativo. Muitas dessas piadas e memes acabam reforçando preconceitos raciais e estereótipos, disfarçados como "brincadeira".

Racismo recreativo é quando atitudes racistas aparecem de forma leve e disfarçada em piadas ou entretenimento. Nas redes sociais, é comum ver memes que ridicularizam características de grupos minoritários, como cor de pele, sotaques ou traços físicos. Mesmo que muita gente compartilhe esses memes sem pensar muito, eles acabam reforçando preconceitos, fazendo com que o racismo pareça algo natural e "apenas para dar risada".

Um exemplo disso são os memes que associam pessoas negras a estereótipos ruins, como a violência ou a preguiça. Mesmo que algumas pessoas achem engraçado, esse tipo de meme espalha uma visão negativa e errada sobre esse grupo. Isso faz com que preconceitos antigos continuem vivos na sociedade, mantendo o racismo em nossas interações diárias, mesmo que de forma disfarçada.

Equiparando injúria racial a racismo

Em 11 de janeiro deste ano, o presidente Lula (PT) sancionou uma alteração na Lei Contra o Racismo de 1989. A nova redação estabelece que o crime de injúria racial é agora considerado equivalente ao racismo. A modificação também determina penalidades para o racismo religioso e recreativo, além de ações discriminatórias cometidas por funcionários públicos.

"A nova legislação reconhece a injúria racial como crime de racismo e inclui o uso do humor hostil, do humor racista como uma hipótese de injúria racial".

O grande problema do racismo recreativo em memes é que ele dificulta a identificação do preconceito. Muitas vezes, quem cria ou compartilha esses memes nem percebe que está sendo racista, justamente porque eles estão camuflados como humor. Além disso, quando alguém aponta o racismo nesses memes, muitas vezes é chamado de "exagerado" ou "sem senso de humor", o que acaba omitindo discussões importantes sobre discriminação.

Um modelo prático de racismo recreativo é o caso de Raquel Brito, influenciadora digital e irmã de Davi Brito, campeão do Big Brother Brasil 2024. Raquel, que participou recentemente do reality show “A Fazenda 16", tem sido alvo frequente de ataques e 'brincadeiras' com teor racista nas redes sociais. Comentários maldosos sobre sua aparência, forma de falar e cultura são disfarçados como piadas.

Um exemplo claro desses ataques aconteceu quando um internauta comentou de forma depreciativa: “Estou obcecado pelos stories da Raquel Brito assessoria. Sempre tem um combo queixo triplo, “Deus é fiel”, muita falta de dicção, barulhos mil no fundo e nesse caso aqui uma DESCARGA SENDO DADA.  É conteúdo de QUALIDADE.”  O comentário, que à primeira vista pode parecer uma crítica banal, reflete, na verdade, preconceitos raciais que muitas vezes se manifestam de maneira sutil, sob a forma de humor.

Esse tipo de "brincadeira" reforça estereótipos racistas, desvalorizando as pessoas negras e suas formas de se expressar. Os memes são uma maneira forte de comunicação, mas é importante que as pessoas e as redes sociais prestem atenção no efeito que eles podem causar. O racismo recreativo, que parece uma piada, machuca e desrespeita grupos minoritários, além de reforçar preconceitos. Portanto, é necessário aprender mais sobre esse assunto e ter consciência para evitar esse tipo de discriminação e usar os memes de forma mais responsável na internet
 

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