Notícias
Brasil
Consumismo: A Influência das compras por impulso na vida dos brasileiros

Consumismo: A Influência das compras por impulso na vida dos brasileiros

Percentual de famílias brasileiras endividadas alcança 78,8%

| Autor: Ramilton Silva

Foto: Freepik

O consumismo é um comportamento muito comum atualmente. As pessoas compram coisas mais por desejo do que por necessidade. Com a facilidade de acessar lojas online e a quantidade de propagandas, muita gente acaba comprando sem pensar, simplesmente porque quer. Esse tipo de compra sem planejamento é chamado de compra por impulso e tem crescido bastante, especialmente com o uso da internet e redes sociais.

A compra por impulso acontece quando alguém compra algo sem planejar ou avaliar se realmente precisa. Muitas vezes, as pessoas se deixam levar por uma promoção ou pelo medo de perder uma "oferta imperdível". Embora isso possa trazer uma satisfação imediata, o arrependimento pode vir logo em seguida.

Um dos motivos principais desse comportamento é o marketing agressivo. As empresas investem muito em estratégias para fazer as pessoas acreditarem que precisam de algo, mesmo que não seja verdade. Outro fator é a facilidade de pagamento, como o uso de cartão de crédito e parcelamentos, o que faz com que a pessoa não perceba o impacto financeiro no momento.

O problema é que esse hábito de comprar sem pensar pode ter consequências ruins. Com o tempo, isso pode levar a dívidas, desorganização financeira e até problemas emocionais, como ansiedade e estresse. Além disso, o consumismo exagerado também prejudica o meio ambiente, pois a produção em massa gera mais lixo e poluição.

Em entrevista, a economista Natália Maria destacou os principais efeitos do consumismo excessivo na economia de uma sociedade. Segundo a especialista, "O consumismo em excesso leva ao endividamento. E ele acontece pela falta de planejamento. Famílias e pessoas endividadas têm diversas áreas da vida afetadas: a saúde mental, na vida social e na própria economia em si, já que os endividados têm menor poder de compra. Segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Confederação Nacional do Comércio (CNC), em 2024, o percentual de famílias brasileiras endividadas alcança 78,8%. Isso é bastante significativo!” disse Natália.

É importante encontrar um equilíbrio entre o consumo e as necessidades reais. Comprar faz parte da vida moderna, mas deve ser feito de forma consciente, pensando nas consequências financeiras, emocionais e ambientais. Ao consumir com responsabilidade, evitamos o consumismo exagerado e as compras por impulso.

Questionada sobre o papel da educação financeira na redução das compras por impulso, a economista Natália Maria explicou que a educação financeira atua justamente ao trazer clareza sobre até onde é possível assumir novos compromissos e realizar compras. Um bom planejamento financeiro leva em conta também o comportamento dos consumidores. “Se pra alguém é importante, por exemplo, comprar roupa todos os meses, é possível contemplar esse desejo, porém com a objetividade sobre quanto se pode gastar com roupa, dentro do salário que recebe.”

A sociedade atual muitas vezes mostra que consumir é um sinal de sucesso e felicidade. A gente vê muitas imagens de pessoas felizes com produtos novos, e isso pode fazer com que outras se sintam mal se não têm as mesmas coisas. Essa pressão faz com que as pessoas queiram comprar ainda mais.

É importante perceber como o consumismo pode afetar a saúde mental e procurar maneiras de controlar esses impulsos. Pensar antes de comprar, perguntar a si mesmo se realmente precisa de algo e entender os efeitos financeiros das compras são passos importantes para evitar gastar por impulso.

Em entrevista, o psicólogo Gustavo Caribé falou sobre os fatores que fazem as pessoas comprarem por impulso. Ele mencionou três aspectos principais que influenciam esse comportamento: emocionais, cognitivos e situacionais. “Emoções que provocam estresse, melancolia ou ociosidade podem desencadear o desejo de comprar, já que a compra funciona como uma forma de alívio temporário. Além disso, o desafio de manter o autocontrole e a busca por recompensas instantâneas também são elementos que favorecem essa prática. Algumas pessoas enfrentam desafios para desenvolver a autogestão emocional, por exemplo, o que as leva a recorrer às compras como forma de gerir sentimentos negativos.”

Ao ser questionado sobre as emoções frequentemente associadas às compras impulsivas, Gustavo ressaltou que quanto mais emocionadas as pessoas estão, mais impulsivas tendem a ser. Ele explicou que sentimentos como tédio, ansiedade, decepção e estresse costumam estar ligados a esse comportamento. Segundo ele, para algumas pessoas, comprar produtos oferece uma fuga temporária desses sentimentos, trazendo uma sensação passageira de prazer ou alívio. No entanto, após a compra, o indivíduo pode sentir remorso ou culpa, especialmente se essa ação impulsiva resultar em problemas financeiros.

Ao discutir as estratégias para ajudar alguém a controlar os impulsos de compra, Caribé explicou que existem algumas orientações que ele costuma dar aos seus pacientes. Uma delas é manter um registro dos gastos, consultando regularmente o extrato digital ou a fatura do cartão pelo aplicativo, o que ajuda a entender melhor os padrões de compra. Outra estratégia recomendada é definir um período de espera antes de realizar uma compra, como aguardar 24 horas antes de tomar a decisão. Ele também sugeriu que, ao fazer compras online, as pessoas podem encher o carrinho de compras ou salvar os itens desejados nos "favoritos", mas sem efetuar a compra naquele momento. Depois, é bom voltar e revisar o carrinho antes de decidir.

“Na grande maioria das vezes, tendemos a reavaliar a necessidade daquelas compras e vamos excluindo os itens. Além disso, aprimorar métodos de autocontrole emocional, como a psicoterapia ou exercícios físicos, pode contribuir para minimizar o estresse e o desejo pela satisfação instantânea por meio de compras. Na psicoterapia, por exemplo, é fundamental o desenvolvimento de habilidades como a postergação da gratificação.”

A reflexão sobre o consumismo e a compra por impulso mostra que é importante ter um olhar mais atento sobre o que se compra. As pessoas precisam entender como suas escolhas afetam não apenas suas finanças, mas também o meio ambiente e a sociedade. Ao adotar hábitos de consumo mais conscientes, cada um pode ajudar a construir um futuro melhor, onde as decisões de compra são baseadas em necessidades reais, e não em desejos de momentos.

Tags

Notícias Relacionadas