Glauber Braga encerra greve de fome após acordo com presidente da Câmara
O deputado passou oito dias em protesto

Foto: Lula Marques/Agência Brasil
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) anunciou o fim de sua greve de fome na tarde desta quinta-feira (17), após oito dias de protesto contra o processo de cassação de seu mandato na Câmara dos Deputados. A decisão veio após um acordo com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que garantiu 60 dias para que Braga exerça sua defesa antes que o caso seja submetido ao plenário. O parlamentar, que estava acampado no plenário 5 desde 9 de abril, ingerindo apenas água, isotônicos e soro, perdeu 4,6 quilos e apresentava sinais de fraqueza, segundo sua assessoria. Após o anúncio, ele foi encaminhado a um hospital para exames e retomada gradual da alimentação.
A greve de fome foi iniciada em resposta à aprovação, por 13 votos a 5, de um relatório no Conselho de Ética que recomenda a cassação de Braga por quebra de decoro parlamentar. O processo, movido pelo Partido Novo, refere-se a um episódio de abril de 2024, quando o deputado expulsou, com empurrões e chutes, um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) que o insultou e à sua mãe, Saudade Braga, então gravemente doente. Braga alega perseguição política, atribuindo o processo a uma retaliação do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por suas denúncias contra o “orçamento secreto”. O acordo com Motta prevê que, após a análise do recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) até 29 de abril, o plenário só votará o caso após o prazo de 60 dias, garantindo mais tempo para articulação.
Durante o protesto, Braga recebeu apoio de ministros do governo Lula, como Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e Cida Gonçalves (Mulheres), além de parlamentares como Lindbergh Farias (PT-RJ) e Sâmia Bomfim (PSOL-SP), sua esposa. Movimentos sociais, artistas como Marco Nanini e até uma roda de samba na Câmara marcaram a solidariedade ao deputado.
Em entrevista após suspender a greve, Braga agradeceu o apoio e reforçou que a luta contra o “orçamento secreto” e por justiça no caso Marielle Franco continua: “Suspendo a greve, mas não a resistência”. Sua equipe avalia recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), mas prefere resolver a questão politicamente na Câmara. O desfecho da greve, anunciado por Motta no X e celebrado por aliados como a deputada Duda Salabert (PDT-MG), foi visto como uma vitória do diálogo e da resistência.