Sete anos de luta: O que aconteceu com o Museu Nacional?
Incêndio destruiu cerca de 85% do acervo do local em 2018

Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil
Há exatos sete anos um incêndio chocaria e abalaria a história cultural do Brasil. Por volta das 19h30, do dia 2 de setembro de 2018, o Museu Nacional do Rio de Janeiro entrava em chamas, após o seu horário de visitação. Cerca de 90% dos 20 milhões de itens foram destruídos. Entre eles, o crânio de Luzia, fóssil mais antigo encontrado no país, sofreu danos que impossibilitaram sua restauração por completo.
Pesquisadores, historiadores e funcionários do Museu foram até o local para tentar ajudar na redução da perda de itens, mas as chamas foram tão intensas que era praticamente impossível conter os danos internos. Segundo investigação da Polícia Federal (PF), concluída apenas em 2020, o incêndio não foi criminoso e tem sua causa envolvida por falta de manutenção e investimentos.
Por ironia do destino, o ano da tragédia foi o mesmo em que o local completava dois séculos de conservação. Criado por D. João VI em 2018, o Museu Nacional do Rio de Janeiro servia para além das visitações do público, visto que ele tinha um perfil acadêmico e científico desde 1946.
Apesar da perca de Luzia ser a mais comentada, diversos outros itens levaram um pedaço da história do país. O esqueleto do dinossauro Maxakalisaurus (apelidado de Dinoprata), primeiro de grande porte montado no país, a coleção de múmias egípcias, o trono do rei Daomé, e peças de cerâmica de civilizações indígenas como a Marajoara se perderam nas chamas.
Causas do incêndio
Após trabalhos de peritos, concluiu-se que um ar-condicionado instalado em um auditório no térreo da ocupação foi o principal foco de início do fogo. Era necessário um disjuntor para cada ar-condicionado, porém tinha apenas um para os três presentes.
Marco Antonio, um dos peritos do caso, reforçou a falta de aterramento nos fios. “É outro motivo. Ele havia sido feito na parte externa, mas não na interna. Foi feito pela metade”, criticou.
Reabertura
Foi somente em julho de 2025, quase sete anos depois, que o museu foi reaberto para visitação do público. Ainda de forma parcial, a liberação foi extremamente comemorada após anos de obras de restauração. Três espaços do palácio ficaram disponíveis para visitação entre o dia 2 de julho e 31 de agosto.
Vice-diretora do museu, Andréa Costa destacou o trabalho da equipe para reconstrução do local.
"A comunidade do museu trabalhou muito ao longo destes anos da reconstrução e tem resistido e se envolvido com a alma pra gente reabrir e continuar as nossas atividades. Pra gente é tudo muito importante, muito simbólico, e muito grande estar passando por este momento agora, porque é a soma de todos os esforços", disse.
Reforma
Previsto inicialmente em um valor de R$ 516,8 milhões, “apenas” R$ 347,2 milhões do valor foram captados, com entes públicos e empresas privadas. A maior doação foi repassada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no valor de 100 milhões de reais.
Cerca de 75% das fachadas e 80% dos telhados foram recuperados. A ideia principal é preservar características originais do local que, antes de ser um Museu Nacional, era residência da Família Real.
A previsão para abertura total, no entanto, é para o final de 2027 ou começo de 2028. Para Camilo Santana, ministro da educação, a ideia é abrir outras aberturas parciais até lá.
“Queremos abrir temporariamente três ambientes para acesso, aos poucos. Esse ato tem um simbolismo forte. São 207 anos desse espaço. Ele passou pelo incêndio em 2018, todo o Brasil acompanhou, mas é um espaço educacional, histórico e científico que vai gerar oportunidades para pessoas do Rio de Janeiro e de todo país (depois da entrega total) “, disse o ministro.