Prestes a disputar reeleição, Bolsonaro coleciona brigas com ex-aliados; Confira
Entre 2019 e 2022, Bolsonaro perdeu importantes apoios no meio político, incluindo deputados e ex-ministros
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Prestes a disputar a reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) chegará ao pleito de outubro sem contar mais com um número considerável de políticos que apoiarão sua nova candidatura. Isso porque o presidente rompeu, nos primeiros três anos de seu mandato, com uma grande quantidade de aliados que caminharam ao seu lado em 2018.
Entre 2019 e os primeiros meses, Bolsonaro teve forte embates com ex-ministros de seu governo. O primeiro a romper com Bolsonaro foi Gustavo Bebianno, que deixou o cargo de Ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência do Brasil em fevereiro de 2019, quando o governo havia acabado de chegar ao seu primeiro mês. O advogado passou a fazer duras críticas públicas ao presidente da República, e morreu no dia 14 de março de 2020. Em seguida, o General Santos Cruz rompeu com o presidente, deixando o posto de Ministro-Chefe da Secretaria de Governo do Brasil em junho de 2019. Atualmente filiado ao Podemos, Santos Cruz se tornou um dos principais críticos do Palácio do Planalto.
Já durante a pandemia da Covid-19, em 2020, Bolsonaro rompeu com mais dois ministros. Na mesma semana, o presidente teve as baixas de Luiz Henrique Mandetta, então titular da Saúde, e Sérgio Moro, considerado o principal ministro do seu governo, que deixou o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Mandetta saiu do posto no dia 16 de abril, após divergências públicas com o presidente sobre a condução da pandemia da Covid-19. Oito dias depois (24 de abril), Moro anunciou sua saída, que aconteceu de forma turbulenta. Na época, Moro acusou Bolsonaro de tentar interferir no comando da Polícia Federal. Apesar de não romper oficialmente, o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, que deixou a pasta em junho do ano passado, tem se tornado uma nova de dor de cabeça para o clã Bolsonaro. Recentemente, Weintraub, que é pré-candidato ao governo da São Paulo, tem feito críticas e acusado Bolsonaro de trair os ideais defendidis na eleições de 2018.
O presidente também perdeu uma grande parte de apoiadores entre os parlamentares eleitos na chamada 'onda bolsonarista' de 2018. Ainda em 2019, Bolsonaro e o PSL, partido pelo qual foi eleito, entraram em crise após a tentativa do chefe de Planalto de emplacar o filho, Eduardo Bolsonaro, como líder do governo na Câmara dos Deputados, gerando revolta dos deputados federais, que até então eram aliados. O presidente nacional da extinta sigla, Luciano Bivar (PE), a baiana Dayane Pimentel, Alexandre Frota, Joice Hasselman encabeçaram a cisão, que culminou na saída de Bolsonaro do partido. O senador Jorge Kajuru (Podemos - GO), conhecido por seu comportamento polêmico, também se tornou crítico do presidente da República, após ser eleito como apoiador de Bolsonaro.
O último deputado eleito no 'rastro bolsonarista' a romper publicamente com o presidente foi Luís Miranda. O parlamentar rompeu com Bolsonaro após a exoneração do seu irmão, Luís Ricardo Miranda, do Ministério da Saúde. Miranda denunciou à CPI da Covid, em 2021, um suposto esquema de superfaturamento dentro da pasta na compra de vacinas durante a pandemia.
Cotada para vice de Bolsonaro em 2018, a deputada estadual Janaína Pascoal (PRTB) também se distanciou do presidente da República. Uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Janaína não rompeu totalmente com Bolsonaro, mas tem sido crítica a algumas decisões do chefe do Palácio do Planalto.
Outro nome eleito levantando a bandeira do bolsonarismo, o ex-governador de São Paulo, João Dória (PSDB), rompeu logo nos primeiros meses de mandato de Bolsonaro. Desde então, Doria, que chegou a lançar o 'bolsodoria' durante sua campanha ao governo de São Paulo em 2018, passou a trocar ofensar e ataques públicos com o presidente, cenário que ficou ainda mais tenso após o tucano declarar publicamente que será candidato à presidência nas eleições de outubro.
* Sob supervisão do editor Rafael Tiago