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"Não é um ato que pode ser banalizado", diz Marighella sobre petista assassinado

"Não é um ato que pode ser banalizado", diz Marighella sobre petista assassinado

Vereadora do PT de Salvador esteve na redação do Varela Net, nesta sexta-feira (15), comentou sobre o crime e analisou a crescente violência

| Autor: Cássio Moreira*

Foto: Domingos Júnior / Varela Net

A vereadora de Salvador, Maria Marighella (PT), comentou sobre o assassinato de Marcelo Arruda, guarda municipal e tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu, que teve a sua própria festa de aniversário invadida pelo agente penal Jorge Guaranho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), no último final de semana. O autor dos disparos, que também foi baleado por Marcelo, está internado em estado grave. Jorge ainda deixou outras pessoas feridas, antes de cair.

Em entrevista ao Varela Net, na manhã desta sexta-feira (15), Maria fez uma 'linha do tempo' com todo o processo político que culminou no crime de ódio cometido pelo bolsonarista. Para a parlamentar, que também é pré-candidata a deputada federal, a ação é violenta teve início em 2016, no impeachment da presidente Dilma Rousseff, quando Bolsonaro, na época deputado, dedicou o seu voto a Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos maiores torturadores da ditadura militar. 

"Esse caso atinge diretamente o nosso partido [...] Ele estava em sua casa, dando uma festa reservada com seus amigos. Uma pessoa vai à sua casa, no dia da sua festa, então não é um ato que pode ser banalizado e precisa de atenção máxima. Choca, indigna, aterroriza o fato de que no outro dia, o presidente vai prestar solidariedade à vítima de quem disparou as ofensas e tiros. O que a gente tira dessa mensagem? Nós tiramos dessa mensagem que esse crime está inscrito no ciclo político brasileiro, não é algo pontual, isolado", começou a petista, que continuou o raciocínio.

"Nós vivemos uma crise política, econômica, social, sanitária. Estamos tendo um conjunto de crises bastante complexo. Estamos vivendo talvez o momento mais difícil do último ciclo político desde a redemocratização. Eu queria tratar de uma questão fundamental que aconteceu em abril de 2016 (impeachment da presidente Dilma Rousseff), na cena do impeachment. Aquele ato, aquele gesto, ele está inscrito na história como um marco golpista de forças políticas brasileiras que se organizam para depor uma presidenta eleita que não cometeu crime de responsabilidade. E ali se manifestam as forças que vão tomar o poder e que, depois de organizados, vão validar nas urnas o bolsonarismo. Por que faço relação desses dois casos? É que naquela cena do 17 de abril, quando o então deputado dedica o voto dele a Carlos Alberto Brilhante Ustra, um torturador responsável pela tortura da presidenta Dilma. Ou seja: o deputado dedica o seu voto ao torturador da presidente, que era sujeito e objeto do processo de impedimento", concluiu.

Marighella ainda apontou que a escalada da violência é parte dessa crise política, e usou o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL), e a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ambos em 2018. 

"Tudo que aconteceu no país de lá para cá me indigna diariamente. Mas, eu tenho dito que não me surpreende porque esse projeto estava definido desde lá. Então, não é uma casualidade, é projeto. Estava escrito. Tivemos ali, alguém declaradamente apoiador da violação dos direitos humanos. O golpe se dá para conter um projeto democrático no país e colocar as forças das elites, as forças conservadoras, e ali a gente tem um cojunto de cenas, como o assassinato de Marielle Franco, a exemplo da prisão do presidente Lula, que o retira da disputa das eleições de 2018 [...] um conjunto de fatalidades que vão dar sustentação a cena golpista [...] produzir medo, violência, é tática de guerra, tática de terror", explicou. 

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Confira o vídeo:

*Sob a supervisão do editor Rafael Tiago Nunes

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