Flávio Bolsonaro 'defende' Lula após deputado desejar morte do petista
A do filho de Bolsonaro logo repercutiu
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, manifestou nesta quarta-feira (9) seu repúdio às declarações do deputado federal Gilvan da Federal (PL-ES), que, durante uma sessão da Comissão de Segurança Pública da Câmara, afirmou desejar a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A fala polêmica ocorreu na terça-feira (8), enquanto Gilvan relatava um projeto de lei que propõe desarmar a segurança pessoal do presidente e de ministros, de autoria do deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP). "Quero mais é que o Lula morra, que vá para o quinto dos infernos", disse o deputado, repetindo a frase três vezes e justificando-a como um direito pessoal, embora tenha negado qualquer intenção de cometer um crime.
Durante a sessão legislativa no Senado, Flávio Bolsonaro criticou a postura do colega de partido, classificando-a como "reprovável" e inadequada para um parlamentar. "Não é uma postura que se espera de um parlamentar que tá ali pra discutir as coisas sérias do Brasil", afirmou o senador, destacando que tais declarações desviam o foco de debates relevantes para o país. Ele também fez referência a ataques semelhantes sofridos por seu pai durante o mandato presidencial, sugerindo uma reflexão sobre o tom do discurso político. Apesar da reprimenda, Flávio defendeu que o Congresso não deve aplicar sanções contra Gilvan, deixando o julgamento nas mãos da população e de eventuais ações judiciais por quem se sentir ofendido. "Esse julgamento a população vai fazer, e quem se sentiu ofendido pode tomar os procedimentos judiciais cabíveis", completou.
A fala de Gilvan da Federal reacendeu o debate sobre os limites da imunidade parlamentar e a escalada da retórica de ódio na política brasileira. A AGU acionou a Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar possíveis crimes de ameaça e incitação ao crime, argumentando que as declarações podem ter extrapolado a proteção constitucional garantida aos parlamentares. Líderes do PT na Câmara, como Lindbergh Farias (RJ) e Kiko Celeguim (SP), também protocolaram uma representação na PGR, apontando que o discurso de Gilvan configura apologia ao homicídio e atenta contra o Estado Democrático de Direito. O deputado, por sua vez, mantém a posição de que expressou uma opinião pessoal, compartilhando trechos de seu discurso nas redes sociais com mensagens de apoio a pautas bolsonaristas, como a anistia aos presos do 8 de janeiro.