"Bolsonaro tenta mobilizar radicais através de indulto", diz cientista político
Presidente
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O indulto individual concedido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a oito anos e nove meses por ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), ainda repercute nesta segunda-feira (25) e continua gerando muitos debates sobre a legalidade do ato. Para entender melhor os desdobramentos do caso, o Varela Net ouviu o cientista político Claúdio André.
Claúdio explica que o movimento liderado pelo presidente da República, alvo de críticas pela oposição e de elogios por aliados políticos, tem um claro objetivo: mobilizar a massa radical bolsonarista, fiel aos ideais defendidos pelo chefe do Planalto desde sua campanha em 2018. Além disso, com essa decisão, Bolsonaro utiliza, segundo o cientista, o seu método ‘diversionista’, com temas que fogem à realidade da sua gestão.
“A manobra do atual presidente tem um intuito claro de mobilizar a sua base mais radical, o que tem efeito político imediato no conjunto da sociedade. O 'método bolsonaro' fica evidente quando o presidente busca desviar a atenção dos eleitores com temas que se distanciam dos resultados práticos de ação governamental da sua gestão, uma tática claramente diversionista”, afirma Claúdio André, que quando perguntado pela reportagem sobre os riscos que essa tensão com o STF pode trazer, pontua que o presidente evidencia que está disposto a corromper as instituições, acusação feita a Bolsonaro durante todo seu primeiro mandato presidencial.
“Ao tentar acenar para uma narrativa de impacto entre o seu eleitorado mais fiel, ele dá demonstração de força, mas, em especial, evidencia o quanto está disposto a corromper instituições, como se elas devessem cegamente a sua obediência ao Chefe do Poder Executivo, uma clara distorção do jogo democrático e constitucional”, alerta.
Por último, questionado sobre os possíveis prejuízos eleitorais que o indulto concedido a Daniel, considerado um dos parlamentares da ala ‘bolsonarista radical’, pode trazer a Jair Bolsonaro, o cientista acredita que o eleitor geral assistirá, nos próximos dias, o desenrolar do debate acerca do tema, principalmente pelas redes sociais. Ele ainda diz que a maioria dos eleitores será disputada pelas narrativas desse episódio, ao qual se refere como lamentável.
“O eleitor geral assistirá ao desenrolar do debate, em especial, pelas redes sociais. O campo político predileto de disputa discursiva do presidente. Em síntese, podemos dizer que a maioria dos eleitores será disputada quanto à narrativa deste fato lamentável à democracia brasileira”, pontua.