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Sinais Proibidos: entenda quais gestos associados a facções criminosas devem ser evitados

Sinais Proibidos: entenda quais gestos associados a facções criminosas devem ser evitados

Ao menos oito homicídios na Bahia podem ter relação com uso de gestos e símbolos associados a facções criminosas

| Autor: Deivide Sena

Foto: Gemini AI

Nos últimos meses, a Bahia tem sido cenário de uma série de homicídios relacionados ao uso de símbolos e gestos associados a facções criminosas. Do símbolo de "paz e amor" ao popular Mickey Mouse, cada vez mais atribuições são feitas a organizações criminosas, deixando moradores de áreas periféricas vulneráveis e amedrontados.  

Casos recentes 

Ao menos oito mortes atribuídas à associação de símbolos a facções criminosas foram registradas na Bahia no último ano. Em janeiro de 2024, um ambulante de 18 anos, identificado como Allisson Cerqueira Nascimento, foi agredido até a morte em Saubara por usar uma camisa com o desenho do Mickey Mouse.  

Em fevereiro, um casal em Salvador foi assassinado dentro de casa após a mulher realizar uma transmissão ao vivo saudando integrantes de uma facção e provocando rivais. No mês seguinte, uma mulher no Engenho Velho da Federação foi morta após traficantes encontrarem em seu celular vídeos dela fazendo um sinal associado a uma facção rival.  

Já em outubro, os irmãos Daniel Natividade e Gustavo Natividade, de 24 e 15 anos, foram executados em Camaçari após posarem para uma foto fazendo o número 3, gesto associado a uma facção criminosa. Os irmãos eram músicos do Malê Debalê e não possuíam qualquer vínculo com o tráfico de drogas.  

No dia 31 de dezembro, o jovem Ian Lucas Barbosa de Jesus, de 20 anos, desapareceu após uma festa no bairro do Trobogy, em Salvador. Cerca de três dias depois, Ian foi encontrado morto pela Polícia Militar. A suspeita inicial é que ele tenha sido assassinado após gravar um vídeo falando a gíria "cê sabe", possivelmente associada a uma facção criminosa. Ian foi sequestrado, torturado e morto.  

O caso mais recente ocorreu em Feira de Santana. Um jovem de 20 anos, identificado como Marcos Vinícius Alves Gonçalves, foi morto a tiros no último dia 6. Informações apontam que Marcos teria publicado em suas redes sociais uma foto fazendo um sinal associado a organizações criminosas.  

Caso da rapper Duquesa

Jeysa Ribeiro, mais conhecida como Duquesa, é uma rapper, cantora e compositora de Feira de Santana, que nos últimos anos tem sido um dos nomes mais importantes do Hip-Hop feminino brasileiro. Nas últimas semanas, Duquesa decidiu retirar do ar o videoclipe da sua música “Fuso”, que havia começado a viralizar nas redes sociais. O motivo foi surpreendente. Duquesa foi alertada por seus fãs sobre um gesto feito no videoclipe, que poderia ser associado a uma facção criminosa. A parte em específico viralizou nas redes sociais, tornando-se uma “trend” entre os jovens.  

“Galera, fiquem atentos à nova trend de ‘Fuso’. Não iremos repostar nenhum vídeo que contenha sinais indevidos com as mãos”, declarou a cantora e continuou: “Eu passei 22 anos morando na Bahia. E nunca fiz apologia, nunca me envolvi ou falei sobre (organizações criminosas), meu trabalho nunca girou em torno disso. Meu trabalho não pode ser resumido a uma falha”.  

Sinais proibidos

Esses casos demonstram a insegurança gerada por tais organizações criminosas. A população baiana se encontra amedrontada. "Tenho muito medo. Qualquer foto que eu posto, eu penso duas, três vezes antes de postar", afirmou a estudante Rosa Borges, de 17 anos, moradora do subúrbio ferroviário de Salvador. A jovem relatou que o medo é comum entre seu círculo de amizade: "Todo mundo tá falando disso, tá todo mundo com medo".  

Confira os sinais considerados "proibidos"

- Qualquer variação dos números 2, 3, 4 e 5 feitas com as mãos  

- Sinais como o Hangloose e o de “Eu te amo” em Libras  

- Camisas, bermudas, acessórios e chinelos com estampa dos personagens Mickey, Taz-Mania ou Pato Donald  

- As gírias “é nois” e “cê sabe” também devem ser evitadas

 

O que as autoridades dizem sobre o assunto?  

O governador do estado da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), comentou sobre os casos recentes no último dia 7. O gestor afirmou que não dará “visibilidade” às organizações criminosas que realizaram esses crimes.  

“Nesse aspecto de apresentação de sinais e símbolos não. Temos que ver em que medida essa programação, essa divulgação, não fortalece essas corporações criminosas. Então, nós não daremos visibilidade em qualquer tipo de oportunidade para que eles possam fazer marketing em cima da ação, da intervenção policial. O que nós damos é reforço da polícia, câmeras para agora, nesse momento, prendê-los de forma rigorosa e entregar à Justiça”, disse Jerônimo durante um evento no CAB.  

Entramos em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia para saber se medidas estão sendo desenvolvidas para resolver este problema, mas não obtivemos resposta até o momento da publicação desta reportagem.  

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