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Liam Payne e o luto sentido por pessoas famosas

Liam Payne e o luto sentido por pessoas famosas

Como a morte do ex-integrante de uma das maiores boybands de todos os tempos evidenciou o assunto?

| Autor: Deivide Sena

Foto: Reprodução/Instagram

No último dia 16, o mundo recebeu a triste notícia de que o astro do pop e ex-integrante de uma das maiores boybands de todos os tempos, One Direction, Liam Payne havia falecido. Além da grande tristeza sentida pelos fãs da banda e do cantor, a morte de Liam também iniciou uma grande discussão nas redes sociais sobre o luto por pessoas famosas. É possível sentir tanto a perda de alguém tão distante?

A discussão se iniciou após uma declaração polêmica de uma influenciadora digital e fã da banda. Em uma sequência de stories em seu Instagram, a influenciadora relatou que, apesar de ter ficado triste com a notícia da morte do cantor, não sofreria por alguém que não conhece. "Eu não vou sofrer por uma pessoa que eu não conheci. Vocês entendem isso. Não é da minha família, não é amigo meu. Tem gente morrendo todo dia. Vocês se afetam nesse nível por uma pessoa que vocês não conhecem?", comentou a influenciadora no vídeo.

O vídeo foi compartilhado nas redes sociais e despertou comentários a respeito do tema. Algumas pessoas concordaram com a fala da influenciadora: "Ela tem toda razão, eu também não perco o meu tempo chorando e sofrendo pela morte de quem eu nem conheço direito", afirmou um internauta no X.

Porém, a grande maioria do público discordou das falas da influenciadora. Internautas apontaram uma insensibilidade da mulher com os fãs que sentiram o falecimento de Liam. Comentários como "que grosseira" e "não é porque ela não sofre, que tem gente que não pode sofrer também" são comuns.

Por que sentimos luto por pessoas famosas?

Nos últimos anos, perdemos figuras importantes do cenário cultural brasileiro, como o ator e humorista Paulo Gustavo e o apresentador Silvio Santos. Addâmison Souza (28), estudante de Jornalismo, relatou que sentiu muito a perda de Paulo Gustavo. "Eu era muito apegado ao Paulo Gustavo, por tudo, sabe? Por 'Minha mãe é uma peça", por ele ter chegado onde ele chegou, sendo um homem gay, por tudo que ele fez, então, tinha uma identificação muito grande.", contou o estudante. "Só que eu acho que não foi só a morte de Paulo Gustavo, acho que ele foi o símbolo... o fato de ser a pandemia, sabe, de ter alguém que todo mundo amava, que eu era apaixonado, que eu assistia a todos os filmes, que eu assistia a todos os programas, sabe, alguém que de alguma forma, naquele momento ali da pandemia, servia como uma válvula de escape, como um alívio, simplesmente morreu. Então, pra mim, sabe, foi tudo muito pesado", desabafou Addâmison. 

A psicóloga Kátia Bezerra, que cuida de pessoas enlutadas, explicou o porquê de sentirmos tanto a perda de artistas e celebridades que temos um vínculo emocional. "Podemos nos enlutar pela perda de pessoas famosas pelo que elas representam na sociedade e na cultura, pelas condições em que a morte ocorreu - há situações como desastres, mortes violentas ou doenças súbitas que causam uma atitude de lamento -   e também pela relação que cada um tem com aquela pessoa. Por exemplo, se for um artista que fez parte da nossa história pessoal, com quem nos identificamos, que sua obra marcou momentos importantes de nossa vida", afirma a psicóloga.

Independente da pessoa perdida, o cuidado com pessoas enlutadas é de extrema importância. "Ajudamos geralmente quando respeitamos a dor das pessoas, perguntando-lhes como estão em relação à perda, o que sentem e o que pensam a respeito daquele evento. Quando a gente se importa com alguém que sofre, já é um importante cuidado", aconselhou.

A psicóloga Kátia Bezerra também alertou sobre a banalização do sentimento do luto, quando se é sentido por uma pessoa famosa. "Ajudamos também quando não minimizamos esta dor, pois o luto pela perda de um artista ou figura pública costuma ser considerado um luto não reconhecido, ou seja, não validado socialmente pelo tipo de relação. Como se não pudéssemos nos sentir próximos de um ídolo, por exemplo. Na verdade, o que nos faz sentir próximos de alguém é o afeto que investimos nesta pessoa, e não se estamos necessariamente convivendo proximamente com ela".

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