Conheça a Basílica de Santa Maria Maggiore, onde será sepultado o Papa Francisco
Escolha do local rompe com uma tradição da Igreja Católica que, há mais de um século, determina que os pontífices sejam sepultados dentro dos limites do Vaticano
Foto: Divulgação
O papa Francisco, que faleceu na madrugada da última segunda-feira (21) aos 88 anos, será enterrado na Basílica de Santa Maria Maggiore, no coração de Roma, conforme seu próprio desejo. A escolha do local rompe com uma tradição da Igreja Católica que, há mais de um século, determina que os pontífices sejam sepultados dentro dos limites do Vaticano, geralmente na cripta da Basílica de São Pedro.
Santa Maria Maggiore é uma das quatro basílicas papais de Roma e remonta ao século V. Considerada uma das igrejas mais importantes da cidade, ela já recebeu os restos mortais de sete papas, sendo Clemente IX, em 1669, o último deles. A igreja também abriga o túmulo de figuras importantes, como o arquiteto e escultor Gian Lorenzo Bernini, autor da colunata da Praça de São Pedro.
Francisco revelou sua intenção de ser enterrado neste templo no fim de 2023, em conversa com o jornalista Javier Martinez-Brocal, relatada no livro El Sucesor. Segundo ele:
"Logo após a escultura da Rainha da Paz (Virgem Maria), há um pequeno recinto, uma porta que leva a uma sala que usavam para guardar os candelabros. Eu vi e pensei: 'É esse o lugar'. E o local do sepultamento já está preparado lá. Eles me confirmaram que está pronto", disse Francisco ao vaticanista espanhol Javier Martinez-Brocal em seu livro "El Sucesor".
Devoto da Virgem Maria, Jorge Bergoglio mantinha uma relação especial com a Basílica de Santa Maria Maggiore. Era comum que ele a visitasse para orações antes de iniciar e ao retornar de viagens internacionais, reforçando seu vínculo com esse espaço sagrado.
A última vez que um papa foi enterrado fora dos muros do Vaticano foi em 1903, com o falecimento de Leão XIII.
Construída a partir de 432, por ordem do papa Sisto III, a basílica ocupa o Monte Esquilino e guarda relíquias veneradas do cristianismo. Entre elas, está um ícone atribuído a São Lucas que retrata a Virgem Maria com o menino Jesus e fragmentos da madeira que, segundo a tradição, pertenceriam ao berço de Jesus. Esses fragmentos são protegidos por um relicário de cristal em formato de manjedoura e, segundo estudos recentes, datam da época de nascimento de Cristo.
O local da basílica foi escolhido, segundo a tradição, após uma aparição da Virgem Maria ao papa Libério e ao patrício romano Giovanni, que teria sido marcada por uma queda de neve no dia 5 de agosto, evento considerado milagroso.
Apesar de estar fora dos muros do Vaticano, a Basílica de Santa Maria Maggiore é oficialmente reconhecida como parte do território vaticano, reafirmando a importância espiritual e simbólica desse espaço para o catolicismo e, agora, como o último repouso de Francisco.