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Fair Play Financeiro: O Caminho para a saúde financeira no futebol

Fair Play Financeiro: O Caminho para a saúde financeira no futebol

Conheça o conceito de Fair Play Financeiro e como ele está se desenvolvendo nas ligas europeias e no Brasil

| Autor: Lucas Vieira

Foto: Freepik

O Fair Play Financeiro (FPF) é uma iniciativa criada pela União das Associações Europeias de Futebol (Uefa) em 2009 para assegurar que os clubes de futebol gastem dentro de suas receitas, promovendo a saúde financeira das instituições esportivas. A regra, que entrou em vigor na temporada 2011/12, busca evitar dívidas excessivas e atrasos em pagamentos, um problema que aflige não apenas os clubes europeus, mas também o cenário futebolístico brasileiro.

Nos últimos anos, com a crescente presença de Sociedades Anônimas do Futebol (SAF) no Brasil, a discussão sobre a implementação do FPF ganhou força. Clubes como Botafogo, Bahia e Cruzeiro estão entre os que têm atraído investimentos significativos, levantando preocupações sobre a sustentabilidade financeira no país. Recentemente, representantes de clubes se reuniram na Comissão Nacional de Clubes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para discutir a necessidade de regras mais rígidas.

Como Funciona o Fair Play Financeiro nas Ligas?

Na Europa, as principais ligas já operam sob diferentes versões do FPF:

Espanha (La Liga): Os clubes são limitados a gastar 70% de suas receitas com salários e não podem ter uma dívida líquida que exceda suas receitas anuais. Há também um controle sobre contratações, permitindo um saldo negativo máximo de 100 milhões de euros.

Inglaterra (Premier League): Os clubes podem acumular um prejuízo de até 15 milhões de libras em três temporadas, com um limite flexível de até 105 milhões se houver aporte dos acionistas. As novas regras estipulam um limite de 85% das receitas para gastos com salários e uma folha de pagamento não superior a cinco vezes o menor valor de direitos de transmissão.

França (Ligue 1): A DNCG (Diretório Nacional de Contas) avalia a saúde financeira dos clubes. Apesar de permitir que grandes clubes como o PSG recebam ajuda financeira de seus donos, os clubes que não mantêm a saúde financeira podem ser punidos com rebaixamento, como ocorreu com o Bordeaux.

Uefa: A entidade estabeleceu que clubes que competem em suas ligas devem evitar prejuízos acumulados superiores a 60 milhões de euros em três temporadas. As regras de controle de gastos devem chegar a 70% das receitas até 2026.

O Cenário do Fair Play Financeiro no Brasil

Apesar das discussões, o FPF ainda não foi implementado no Brasil. A nova Lei Geral do Esporte menciona a necessidade de regulamentação, mas a proposta não avançou significativamente. O alto endividamento dos clubes, que somava R$ 5,7 bilhões em 2019, complica a adoção de regras de controle financeiro.

Alguns dirigentes, como John Textor, dono do Botafogo, criticam a ideia do FPF, alegando que ele favorece os grandes clubes e prejudica aqueles com menores receitas. Por outro lado, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, defende a urgência de implementar regras que impeçam contratações de clubes que não estão em dia com suas obrigações financeiras.

A expectativa é que, com a crescente pressão e o debate em torno do FPF, o Brasil avance em direção a um modelo de gestão financeira mais responsável, semelhante ao que já se vê na Europa. Para isso, é fundamental que as discussões se intensifiquem e que haja uma vontade coletiva entre os clubes para garantir a sustentabilidade do futebol nacional.

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