Ex-PCC acusa Deolane Bezerra de envolvimento com a facção "Garota de recado"

A influenciadora digital e advogada Deolane Bezerra, atualmente presa sob suspeita de lavagem de dinheiro, enfrentou novas alegações de envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC). Um ex-integrante da facção, conhecido como Frank, acusou Deolane de lavar dinheiro para o grupo criminoso e de fazer trabalhos para eles, incluindo passar recados e movimentar grandes quantias financeiras. Em entrevista ao jornalista Felipeh Campos, Frank afirmou que a influenciadora "faz a lavagem da grana" e detalhou uma conexão com o PCC através de sua relação com MC Kevin, seu falecido noivo.

Além da entrevista, Frank publicou um vídeo em suas redes sociais onde comenta o caso. Assista:

Deolane, por sua vez, defendeu sua atuação profissional como advogada, afirmando que sua função não implica automaticamente em apoio a facções criminosas. "Advogo para pessoas e não para uma facção", declarou em entrevistas anteriores. Em 2022, ela explicou à revista Marie Claire que, na prática, advogados criminalistas frequentemente trabalham com clientes que podem ter ligações com organizações criminosas, mas isso não significa que advogam para tais grupos. “Eu prefiro os grandes, que me pagam bem”, justificou, reafirmando que seu trabalho é guiado pelo profissionalismo e não pela identificação com os clientes.

Deolane também fez uma comparação com outras profissões, argumentando que, assim como médicos e engenheiros não escolhem seus clientes com base em suas atividades, advogados não podem recusar defender alguém apenas por sua associação a uma facção. “O advogado criminalista sofre inúmeros preconceitos. O médico, quando opera bandido, não pergunta a ele se é um bandido. O engenheiro, quando constrói uma casa, não pergunta a profissão. Do mesmo jeito é o advogado criminalista. Ele não defende o bandido ou a pessoa, defende a lei”, afirmou.

As alegações de Frank coincidem com relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que mostram transferências de dinheiro da conhecida como Preta, uma associada ao PCC, para a conta de Deolane. Esses dados, juntamente com a prisão de Everton de Souza, conhecido como Gordão, na propriedade de Deolane, aprofundaram as investigações sobre a possível conexão da influenciadora com o grupo criminoso. Gordão foi encontrado com armas e drogas, e sua presença na residência da influenciadora levantou mais suspeitas.

Deolane Bezerra foi detida no dia 4 de setembro durante a Operação Integration, que investigou um esquema de lavagem de dinheiro ligado a jogos de azar. Apesar de ter sido liberada sob prisão domiciliar, sua liberdade foi revogada após desrespeitar ordens judiciais e fazer declarações públicas sobre o caso. Ela foi então transferida para a Colônia Penal Feminina de Buíque, onde deve permanecer enquanto aguarda o andamento das investigações.