São João: Fábricas de fogos de artifício clandestinas causam dor à população

Com o São João, chegam os fogos de artifício para trazer brilho à festa. Esses fogos trazem alegria e diversão para muitas pessoas, incluindo crianças, mas muitas vezes o processo em que esses fogos de artifício são fabricados é de uma maneira irregular, o que por muitas vezes pode provocar acidentes e até mesmo tirar a vida de alguém.

Especialistas alertam para o perigo da produção desses fogos, que muitas vezes são fabricados de forma artesanal e em locais improvisados como barracões e depósitos, e que podem gerar acidentes graves como outros já registrados na história.

Explosão em Santo Antônio de Jesus

Em 1998, uma tragédia atingia a cidade de Santo Antônio de Jesus, no recôncavo baiano. No dia 11 de dezembro uma explosão atingiu uma fábrica clandestina de fogos de artifício, resultando na morte de 64 pessoas. Segundo investigações da época, no momento da explosão, havia 1,5 tonelada de pólvora no local.

Seis pessoas sobreviveram a explosão, mas tiveram cerca de 70% do corpo queimado. Como o número de ambulâncias era insuficiente para a gravidade da situação e a cidade não possuía um centro para atendimento especializado, moradores e familiares realizaram o resgate e o transporte das vítimas com queimaduras de terceiro grau por cerca de três horas até a capital baiana.

Dentre as vítimas havia 22 crianças, que trabalhavam em condições precárias em tendas e mesas compartilhadas.

Em 2020, o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos pela morte das 64 pessoas, a maioria mulheres e crianças negras, na explosão da fábrica.

Perigo das fábricas clandestinas

Em 2024 no estado da Bahia outros acidentes envolvendo fábricas clandestinas de fogos de artifícios também foram registrados. Um homem ficou gravemente ferido após uma explosão no município de Filadélfia, Bahia. O incidente ocorreu no dia 16 de junho e foi registrado pela 1ª Companhia de Bombeiros Militar de Senhor do Bonfim.

No local da explosão, foram encontrados materiais para a fabricação de fogos conhecidos como ‘espadas juninas’ e algumas prontas para a venda. As fabricações desse tipo de material são proibidas devido ao alto risco de incêndios e ferimentos.

A Polícia Civil da Bahia realizou a fiscalização em cidades como Santo Antônio de Jesus e municípios vizinhos, e realizou a apreensão de cerca de 120 kg de pólvora a granel e desarticulando uma fábrica clandestina.

Proibição das espadas juninas

A popular "Guerra de Espadas" durante as festas juninas é considerada tradição para muitos, mas divide opiniões na Bahia. Durante as noites de junho e início de julho, as ruas se transformam em "campos de batalha" onde espadeiros acendem os fogos de artifício e simulam combates.

Em 2017, o ato de fabricar, possuir e soltar as espadas se tornou crime com pena que pode chegar até seis anos de prisão. No entanto, alguns adeptos da guerra e moradores são contra a suspensão da atividade.