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Em meio a era digital, Dia dos professores se torna um data de reconhecimento

Em meio a era digital, Dia dos professores se torna um data de reconhecimento

O VarelaNet conversou com professores para falar sobre a data.

| Autor: Vítor Lyrio

Foto: Reprodução/Freepik

O Dia dos Professores, comemorado em 15 de outubro, é uma data que exalta a importância da profissão e também abre espaço para discutir os desafios enfrentados pelos educadores na atualidade. Com a crescente influência da tecnologia e o surgimento de Inteligências Artificiais (IA), muitos docentes se veem diante de novas barreiras no processo de ensino-aprendizagem. Entre a necessidade de adaptação às novas ferramentas e o excesso de uso de aparelhos tecnológicos pelos alunos, a educação tradicional passa por transformações profundas que impactam diretamente o cotidiano escolar.

Para a professora Maria do Socorro, de 52 anos, que leciona para o ensino fundamental há mais de 15 anos, a chegada dos dispositivos móveis nas salas de aula trouxe tanto avanços quanto desafios inesperados. “A tecnologia pode ser uma excelente aliada no ensino, mas tenho percebido que o uso excessivo de celulares sem controle, o que acaba causando um atraso no desenvolvimento dos aprendizados nos alunos, que se dispersam e se perdem em distrações, comprometendo o aprendizado”, reflete Maria.

Ela também destaca a dificuldade em competir com o volume de informações que os alunos recebem. “Eles têm tudo ao alcance de um clique, mas essa facilidade não vem acompanhada de um raciocínio crítico. O papel do professor, que sempre foi essencial na mediação do conhecimento, agora é ainda mais desafiador, porque precisamos ensiná-los a filtrar e interpretar as informações de uma forma eficaz.”

Já no ensino superior, a realidade não é tão diferente. O professor universitário Francelino Alves, de 67 anos, que é professor de política educacional, acredita que as IAs podem ser úteis, mas também levanta preocupações sobre o impacto delas no aprendizado profundo e na autonomia intelectual dos alunos. “Com ferramentas como o ChatGPT, por exemplo, os estudantes podem gerar respostas automáticas para trabalhos acadêmicos. Isso levanta uma questão ética sobre o real desenvolvimento das capacidades de pensamento crítico e originalidade, que são pilares da educação de modo geral, né?!”, apontou ele.

Francelino ressalta ainda que a utilização de IA deve ser bem orientada. “Não podemos demonizar a tecnologia, mas também não podemos ignorar os riscos que ela traz para os alunos e para nós que trabalhamos ensinando eles. O professor precisa estar preparado para guiar os alunos no uso consciente dessas ferramentas, mostrando que o pensamento criativo e reflexivo não pode ser substituído por respostas prontas geradas por IAs.”

Além disso, tanto Maria quanto Francelino concordam que a crescente dependência de tecnologia pode impactar negativamente nas interações sociais. “Vejo que as crianças estão com dificuldade em se comunicar e resolver conflitos entre si, e acredito que isso tem muito a ver com o isolamento causado pelo uso constante de aparelhos eletrônicos”, observa Maria. Já Francelino completa: “O debate em sala de aula, sendo tão enriquecedor, muitas vezes é substituído por buscas rápidas no Google ou pelo uso de IA. Isso enfraquece o diálogo crítico e a troca de ideias, fundamentais no ambiente acadêmico.”

Em tempos onde a tecnologia avança a passos largos, o professor se encontra em um dilema: como incorporar inovações sem comprometer o processo de aprendizado integral dos alunos? A resposta, segundo ambos, passa por um equilíbrio entre a utilização das novas ferramentas e a valorização do papel humano no ensino, lembrando que a interação entre professor e aluno é insubstituível.

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