Os riscos do abuso da Ritalina e Venvanse entre os jovens

Com o aumento da pressão acadêmica e social sobre os jovens em tempos de vestibulares, faculdades e concursos, muitos encontram-se sob uma intensa demanda por desempenho e produtividade. Nesse cenário, medicamentos como Venvanse e Ritalina emergem como “soluções”. Enquanto alguns os veem como ferramentas essenciais para melhorar o foco e a concentração, outros levantam preocupações sobre os efeitos a longo prazo e o potencial abuso de substâncias como essas. Nesta matéria, exploramos as necessidades e efeitos destes medicamentos entre os jovens, examinando as nuances que são apresentadas entre os usuários desta substância, tanto visto pela própria visão destas pessoas, quanto a de um profissional da área psiquiátrica.

Primeiramente é necessário entender para que servem esses remédios. A Ritalina e o Venvanse são medicamentos comumente prescritos para tratar o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Eles pertencem a uma classe de medicamentos que servem como estimulantes do sistema nervoso central.

A Ritalina ainda tem um uso mais extra funcional, podendo ser utilizado também para  tratamento de narcolepsia, uma condição neurológica que causa sonolência excessiva durante o dia, incapacitando a pessoa de se manter acordada. O medicamento acaba diminuindo a sonolência desses pacientes. 

Em alguns casos, o Venvanse também é indicado para tratar o Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) de pessoas a partir de 18 anos. 

Uma fonte que não quis ser identificada, usuária de Venvanse de 30 Mg, relatou seu uso, sendo primordialmente para tratamento de transtorno da compulsão alimentar (TCAP): “acabou sendo prescrito pela minha endócrina por conta de problemas com TCAP, mas acabou me ajudando muito com foco em relação a trabalho e provas.”

Outra fonte, que usou ritalina durante um período de mais de 2 anos também relatou o uso: “acabei usando por causa do meu TDAH, tudo prescrito por um psiquiatra, mas acabou não sendo muito eficaz comigo não”

Enquanto esses medicamentos podem ser incrivelmente eficazes no tratamento de TDAH, o aumento do seu uso fora das diretrizes médicas levanta preocupações sobre dependência, abuso e até mesmo questões éticas. 

Segundo a doutora Silvana Brasil, psiquiatra e médica formada pela Universidade Federal da Bahia, ela conta um pouco de uma das problemáticas que acabam acontecendo com o alto consumo desses remédios: “Muitas vezes os pacientes já chegam em um atendimento com um auto-diagnóstico que foi feito na internet, já pedindo pelo uso desses remédios que precisam de receita e às vezes acaba não sendo o diagnóstico que eu concordo em consulta.”

Esses tipos de medicamentos, que necessitam de receitas médicas por serem controlados, apresentam diversos contra indicativos e efeitos colaterais diversos. 

Contra Indicativos e efeitos colaterais

Acaba não sendo indicado, nenhum dos dois medicamentos, para quem tem: glaucoma, problemas cardíacos, ansiedade, hipertireoidismo, arteriosclerose avançada, alergia a estimulante ou histórico de abuso de drogas.

Já pensando em efeitos colaterais, acabam ocorrendo de forma moderada em cerca de 10% dos pacientes, são: Dor de garganta; Coriza; Perda do apetite; Nervosismo; Dificuldade para dormir; Náusea; Boca seca, Alterações de humor; Erupções cutâneas, Alterações de humor e outras. 

A pessoa que usava Venvanse, que não quis ser identificada, contou sua relação com os efeitos colaterais: “Acabava tendo dificuldades para dormir, quando usava o medicamento após o horário de almoço, ficava até 3 ou 4 horas da manhã sem conseguir dormir”

Já a outra pessoa, que usava ritalina, contou que teve efeito totalmente diferente: “ tomava o remédio de manhã cedo e passava a tarde e a noite toda dormindo. Estava mais dormindo que acordado, na época que usava”

Uso sem indicação

Caso não apresente nenhuma das condições como TDAH e TCAP, é importante saber que o medicamento não apresenta o mesmo efeito.
Desse modo, aqueles que tentarem usar esses medicamentos para melhorar o desempenho cognitivo não terão resultados, além disso, é possível apresentar um ou mais dos efeitos colaterais já mencionados e vício. 
Como ambos os medicamentos mexem com - O metilfenidato, o princípio ativo da Ritalina, e o Venvanse contém lisdexanfetamina, que é convertida em dextroanfetamina no organismo - o sistema nervoso central e pode gerar sintomas semelhantes de uma overdose como agitação, tremores, convulsões, aumento da pressão arterial, batimentos cardíacos irregulares, aumento da temperatura corporal, alucinações e coma caso usada em doses excessivas. 

Em caso de emergência
Disque Urgência Toxicológica (24 horas) – 0800 284 4343
SAMU 192