Dengue: Brasil encerra primeiro semestre com 6,1 milhões de casos da doença
Dados do Ministério da Saúde indicam ainda 4.250 mortes pela arbovirose
Foto: Freepik
O Brasil encerrou os primeiros seis meses de 2024 com 6.159.160 prováveis casos de dengue e mais de quatro mil mortes pela doença. Dados do painel de arboviroses do Ministério da Saúde indicam que há ainda 2.730 óbitos em investigação.
Estes dados, divulgados no início do mês de julho, em Brasília, mostram que 54,8% dos casos foram no público feminino e 45,2% dos casos em homens. Além disso, o coeficiente de incidência da dengue no país é de 3.033 casos a cada 100 mil habitantes e a taxa de letalidade está indicada em 0,07. Os dados mostram ainda que a faixa etária de 20 a 29 anos concentra a maioria das vítimas, seguida pela de 30 a 39 anos e 40 e 49 anos.
DENGUE
A dengue faz parte de um grupo de doenças chamadas de arboviroses, transmitidas por vetores artrópodes. No Brasil, o vetor da doença é a fêmea do mosquito Aedes aegypti. A infectologista Juliana Correia explicou que a doença começa geralmente entre quatro e dez dias após a picada do mosquito.
"Entre os principais sintomas mais comuns estão a febre alta, que pode chegar a 40 graus. Além disso, vem acompanhado de pelo menos dois dos seguintes sinais, que podem ser uma dor de cabeça intensa, geralmente essa dor é atrás dos olhos, que a gente chama de retro-ocular, dores musculares e nas articulações, náuseas, vômitos e algumas erupções cutâneas, um raste cutâneo", disse a Drª.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é realizado por meio de exames laboratoriais. O hemograma indica uma infecção viral e, a partir daí, é realizado um exame com antígeno NS1, nos cinco primeiros dias da doença. "Se ele vier positivo, confirma dengue, e as orologias IgM e IgG, que a partir do quinto dia que ela positiva, é que a gente pode dar o diagnóstico definitivo", explicou Juliana.
TIPOS DE DENGUE
Até o momento, quatro sorotipos da segue são conhecidos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Eles apresentam materiais genéticos e linhagens distintos.
"Esses sorotipos são distintos entre si e a infecção por um deles não confere imunidade contra os outros sorotipos. Isso significa que uma pessoa pode ser infectada em até quatro vezes pelo vírus da dengue, cada uma por um desses quatro sorotipos. Então, vale ressaltar que, dentro desses quatro sorotipos, nenhum é intrinsecamente mais grave do que os outros em termos de virulência. No entanto, o risco de desenvolver uma dengue mais grave com suas complicações aumenta significativamente se uma pessoa é reinfectada por outro sorotipo", explanou a médica.
AUMENTO DE CASOS
A Drª Juliana explicou também sobre o que tem causado o aumento no número de casos de dengue no Brasil. "Um dos principais fatores é a proliferação do mosquito Aedes aegypti, sendo o principal vetor da doença. Então, os crescimentos da população desses mosquitos, ela está intimamente ligada às condições ambientais, como o acúmulo de água parada em recipientes, onde esses mosquitos depositam seus ovos. Então, áreas urbanas com saneamento inadequado e falta de controle eficaz desses criadouros do mosquito também são fatores de riscos".
VACINAÇÃO
Hoje no Brasil a vacina da dengue, Qdenga, é disponibilizada a indivíduos entre 4 e 60 anos, sendo que pacientes com imunossupressão, seja HIV, câncer, ou outros, não podem tomar. "Então começaram com as crianças e eles estão evoluindo para adolescentes, adultos, jovens, mas na bula, ela é liberada para 4 a 60 anos e esses pacientes não podem ter nenhum grau de imunossupressão, porque a vacina é fabricada com o vírus da dengue inativado", relatou a infectologista.
PREVENÇÃO
Como forma de prevenção, a Drª explicou que as formas mais efetivas de prevenção, atualmente, concentram-se no controle do mosquito Aedes aegypti, que é o principal vetor da doença. Além disso, o uso de repelentes, mosquiteiros e roupas cumpridas em locais de muito mosquito favorecem a prevenção. "Para um futuro, a forma de prevenção é a campanha de vacinação contra dengue, afinal, deixando essa população mais imunizada, vai ser um grande ganho que a gente vai ter na proteção da doença", reforçou a Drª Juliana Correia.
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