Aumento de jovens com diabetes preocupa e médicos fazem alerta

A diabetes tem afetado mais de 10% da população brasileira, conforme a última pesquisa realizada pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico Vigitel Brasil em 2023. No mundo, o Brasil é o quinto país com maior incidência de diabetes, contabilizando 16,8 milhões de afetados pela doença.

Entre os jovens, o número de casos tem avançado com o passar dos anos. Uma pesquisa publicada em dezembro de 2023 pelo The BMJ com base em dados do estudo Carga Global de Doenças apontou que a taxa de diabetes tipo 2 entre adolescentes e adultos jovens (de 15 a 39 anos) cresceu 56% em todo o mundo entre 1990 e 2019, passando de 117 casos a cada 100 mil pessoas para 183 a cada 100 mil.

Tipos de diabetes

É uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. A insulina é um hormônio que tem a função de quebrar as moléculas de glicose (açúcar) transformando-a em energia para manutenção das células do nosso organismo. O diabetes pode causar o aumento da glicemia e as altas taxas podem levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais graves, o diabetes pode levar à morte.

A Dra. Taciane Mega, especialista em endocrinologia e metabologia, explica as diferenças entre os tipos de diabetes. “O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, onde o nosso corpo produz anticorpos contra as células que produzem insulina, as células do nosso pâncreas, e aí a gente não tem produção de insulina e isso vai causar uma deficiência de insulina e um excesso de açúcar no nosso sangue.”

“Já o tipo 2 é um tipo que ocorre por resistência à ação da insulina. Então, devido à obesidade, ao excesso de peso, à falta de atividade física, ocorre uma dificuldade da insulina de agir no corpo. Isso faz com que os nossos níveis de açúcar do sangue subam e aí causa o quadro de diabetes tipo 2. Então, o quadro de diabetes tipo 2 está mais associado à questão hereditária, à questão dos nossos hábitos e à questão do peso. ” explica a Dra.

Sintomas

A Dra. Taciane faz um alerta para a necessidade de se atentar aos sintomas da doença. “Os principais sintomas de diabetes é o emagrecimento muito rápido, perda súbita de peso, urinar muitas vezes, principalmente à noite, beber bastante água, boca seca, visão turva, formigamento nas mãos e nos pés. Esses são os principais sintomas.”

Prevenção

A melhor forma de prevenir o diabetes tipo 2 e diversas outras doenças é a incorporação de hábitos saudáveis. O incentivo para uma alimentação saudável, balanceada e a prática de atividades físicas devem ser uma prioridade. O Ministério da Saúde adotou internacionalmente metas para frear o crescimento do excesso de peso e obesidade no país.

Tratamento

Descobrir essa doença tão jovem é um verdadeiro desafio, para Lucas Silva de 28 anos, foi uma mudança radical no estilo de vida. “Quando a gente descobre é um baque muito grande, mas depois que a gente absorve tudo a gente começa a pensar em como melhorar daquilo. Tem toda uma rotina alimentar, começa a fazer atividade física, tudo isso para tentar combater essa doença.” Disse.

Pacientes que apresentam diabetes do Tipo 1 precisam de injeções diárias de insulina para manterem a glicose no sangue em valores considerados normais.

Já pacientes que apresentam diabetes Tipo 2, o tratamento consiste em identificar o grau de necessidade de cada pessoa e indicar, conforme cada caso, seguindo medicamentos como inibidores da alfaglicosidase para impedir a digestão  e absorção de carboidratos no intestino, sulfonilureias para estimular a produção pancreática de insulina e Glinidas que estimulam a produção de insulina pelo pâncreas.

Segundo a Drª Taciane, o tratamento da diabetes tipo 1 dever ser realizado com a insulina.  “O tratamento é insulina, que a gente geralmente faz múltiplas doses de insulina ao dia.”

Já para o tratamento do diabetes tipo 2, o uso de medicamentos deve ser realizado em conjunto com o controle de peso. “A gente pode usar medicamentos para o tratamento do diabetes, e hoje a gente visa muito mais, além de controlar só o açúcar, controlar o peso, as comorbidades relacionadas ao diabetes e evitar a progressão da doença. Então a gente prioriza medicamentos que tem hoje proteção renal, proteção do coração e em casos que a doença às vezes está com a progressão maior, é necessário o uso de insulina também nos pacientes com diabetes tipo 2.” Complementa a endocrinologista.

Desafios

Para a dra. Taciane, o principal desafio para os jovens ao descobrir a doença é a mudança radical no estilo de vida. “O principal desafio para quem tem diabetes tão cedo é que a gente precisa cuidar logo da doença, mudar o estilo de vida, controlar o peso, melhorar o sedentarismo, melhorar os níveis de colesterol, melhorar a pressão alta se tiver associada. Porque se a gente não cuidar cedo do diabetes, vai aparecer as complicações dessa doença cedo também. Então a gente precisa cuidar para a gente evitar a progressão do diabetes.”