Após tornozeleira e restrições, filhos de Bolsonaro denunciam "perseguição criminosa" e reagem nas redes
Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro criticam decisões do STF e reforçam apoio ao pai

Foto: Roberto Jayme / Ascom / TSE
A imposição de medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, toque de recolher e restrição de contato com seus filhos Carlos e Eduardo Bolsonaro, gerou forte mobilização da família do ex-chefe do Executivo. Os filhos do ex-presidente reagiram com duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e classificaram as ações como perseguição política.
As medidas, que também incluem a proibição de se aproximar de embaixadas e de manter contato com outros investigados, foram alvo de manifestações de Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro nas redes sociais ao longo desta quinta-feira (18), data que coincide com o Mandela Day — lembrada por Flávio como símbolo de resistência.
“Fica firme, pai, não vão nos calar! A proposital humilhação deixará cicatrizes nas nossas almas, mas servirão de motivação para continuarmos lutando pelo nosso Brasil livre de déspotas”, escreveu Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
“Proibir o pai de falar com o próprio filho é o maior símbolo do ódio que tomou conta de Alexandre de Moraes para tomar medidas totalmente desnecessárias e covardes”, continuou o senador, que também declarou: “Até os nossos adversários sabem da sua inocência, da sua honestidade.”
Ele ainda fez alusão à data da decisão:
“O ardil é tanto, que faz exatamente no início do recesso parlamentar, quando Brasília está vazia. Mas seu cálculo certamente esqueceu de levar em conta que hoje, 18/Jul, é o Mandela Day. (…) Vai sair ainda maior e mais forte de tudo isso, pra liderar o resgate do nosso Brasil!”
Carlos Bolsonaro também compartilhou seu posicionamento, em tom pessoal:
“Não escrevo aqui como vereador ou como figura pública, mas como filho revoltado com toda a perseguição que meu pai vem sofrendo de forma criminosa.”
“Como filho, não é fácil ver o homem que mais admiro sendo tratado dessa forma. Dói ver meu pai sendo censurado, calado, proibido de sair do país, sofrendo buscas arbitrárias, enquanto assassinos e corruptos vivem de forma livre no nosso país.”
Em sua publicação, Carlos estendeu a crítica ao atual cenário político nacional:
“Também é impossível não se revoltar com tudo o que está acontecendo no Brasil, onde milhares de brasileiros são injustamente censurados, presos, condenados com penas desproporcionais, exilados e em alguns casos até mesmo mortos, simplesmente por apoiar meu pai e discordar desse sistema podre.”
Carlos concluiu com uma mensagem de apoio:
“Pai, você me ensinou a ser forte. (…) Hoje eu te digo: você não está sozinho. Estamos com você. O povo está com você. A verdade está ao seu lado. E a verdade irá prevalecer.”
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reforçou as críticas, inclusive em nota à imprensa, na qual atribui ao ministro Moraes uma conduta “ditatorial”:
“Recebi com tristeza, mas sem surpresa, a notícia da invasão da Polícia Federal à casa do meu pai nesta manhã. (…) Há tempos denunciamos as ações do ditador Alexandre de Moraes — hoje, escancaradamente convertido em um gangster de toga.”
Segundo Eduardo, Moraes busca criminalizar o ex-presidente Donald Trump e o próprio governo americano:
“A decisão desta vez se apoia num delírio ainda mais grave: acusações construídas com base em ações legítimas do governo dos Estados Unidos, iniciadas logo após o anúncio das tarifas impostas por Donald Trump ao Brasil.”
“Como é impotente diante deles, decidiu fazer do meu pai um refém”, criticou. “Silenciar meu pai não vai calar o Brasil. Eu e milhões de brasileiros seguiremos falando por ele.”
Em postagem anterior, Eduardo havia listado as sanções impostas pelo STF:
“Alexandre de Moraes dobrou a aposta. Após o vídeo de Bolsonaro a Donald Trump, ele ordenou:
• Uso de tornozeleira eletrônica
• Toque de recolher entre 19h e 7h
• Proibição de uso de redes sociais
• Proibição de falar com embaixadores e diplomatas
• Proibição de ir a embaixadas
• Proibição de contato com investigados — incluindo eu e meu irmão Carlos”
Ele também compartilhou uma publicação da juíza Ludmila Lins Grilo, atualmente nos EUA, que previu que Moraes poderá enfrentar sanções internacionais com base na Lei Magnitsky, que permite aos Estados Unidos punir estrangeiros envolvidos em violações de direitos humanos.
As reações da família Bolsonaro coincidiram com o pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, em cadeia nacional, afirmou que “ninguém está acima da lei” e criticou o que chamou de “chantagem” por parte do governo dos EUA.
Defesa de Bolsonaro
A equipe jurídica do ex-presidente também se manifestou:
“A defesa do ex-Presidente Jair Bolsonaro recebeu com surpresa e indignação a imposição de medidas cautelares severas contra ele, que até o presente momento sempre cumpriu com todas as determinações do Poder Judiciário.”