Facção baiana ligada ao PCC transformou Ilha de Maré em bunker, diz PF
Grupo entrou na mira da polícia após roubo a banco em Salvador; disputa é apontada como fator para alta da violência
Foto: Jefferson Peixoto/Secom
A Polícia Federal descobriu em uma investigação sobre um assalto a banco em Salvador que a principal facção ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital) no estado transformou a na Ilha de Maré, na baía de Todos-os-Santos, em bunker do crime. A informação é do jornal Folha de S. Paulo.
De acordo com documentos da operação Terra Livre, deflagrada neste mês, a facção baiana BDM (Bonde do Maluco) se instalou no local e faz do dali um ponto de logística de fornecimento, transporte, depósito e exportação dos carregamentos de armas e drogas.
A PF chegou ao grupo após iniciar investigação sobre o roubo de uma agência bancário na capital baiana, em março, em que foram utilizados explosivos e "um grande poder bélico".
Após o assalto, os investigadores estaduais e da PF mapearam o percurso dos envolvidos na fuga e descobriram que foram para a ilha, que é formada por ao menos 11 comunidades.
"Essa ilha é o lugar de refúgio de grandes traficantes do BDM. Por ser um local isolado, serve de um grande bunker, esconderijo, de drogas e armas, além de esconderijo após cometerem algum ato ilícito, ataques a instituições financeiras, ataques a facções rivais para expansão territorial do BDM, na cidade do Salvador", afirmou a PF na representação que pediu seis mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão preventiva contra integrantes da facção.
Segundo a PF, a Ilha de Maré se transformou no bunker do grupo criminoso pelo fato de ser acessível somente por meio marítimo e por que a pequena população local foi subjugada pela facção.
Nesse cenário, como o acompanhamento e vigilância das forças de segurança é dificultado, os integrantes do BDM têm a "sensação de impunidade imperando em suas mentes".
Dois dos alvos dos mandados de prisão cumpridos pelos agentes federais também são suspeitos da morte de um policial militar baiano em 2021.
De acordo com os investigadores, a facção é a maior atualmente em atuação no estado e seus integrantes estão envolvidos em assaltos a banco e tráfico de drogas.
"Oportuno consignar que, muito provavelmente, os indivíduos aqui identificados operacionalizaram diversos outros assaltos e tráfico de drogas, atuando com extrema violência não só nas ações criminosas envolvendo instituições financeiras, como, também, no tráfico de drogas", diz a PF.
Na Bahia, a facção é apontada como grupo violento e envolvido na disputa por território com outros criminosos. É aliada ao PCC e inimiga do Comando da Paz, parceira do Comando Vermelho. A rivalidade, dizem os investigadores, tem aumentado o número de homicídios no estado.