Ataque de Moraes a Bolsonaro pode acirrar retaliações de Trump ao Brasil
Operação da PF é vista como argumento para Trump endurecer medidas após ameaça de Lula de taxar as Big Techs

Donald Trump |Foto: Daniel Torok/ White House
A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, proibiu contato com o filho Eduardo Bolsonaro e autorizou busca e apreensão em sua residência, pode gerar impactos internacionais, especialmente na já tensa relação entre Brasil e Estados Unidos.
Nos bastidores diplomáticos, a avaliação é de que a nova ofensiva da Polícia Federal caiu como uma “luva política” para o presidente norte-americano Donald Trump, que pode usar o episódio como justificativa para reforçar a retaliação comercial contra o Brasil. Isso ocorre após o presidente Lula (PT) ter ameaçado taxar as Big Techs em resposta à decisão do governo norte-americano de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
Jair Bolsonaro, que tem forte alinhamento ideológico com Trump, se tornou peça-chave na narrativa do presidente dos EUA, que vê as medidas judiciais contra o ex-presidente como sinais de perseguição política. Trump tem citado Bolsonaro quase diariamente em discursos e, segundo fontes, condiciona qualquer recuo nas tarifas à suspensão daquilo que considera uma ofensiva do Judiciário brasileiro contra seu aliado.
Por trás das declarações, no entanto, está uma preocupação maior: a aproximação crescente entre Brasil e China, atualmente o maior parceiro comercial do Brasil, o que acende alerta em Washington, já que os Estados Unidos ocupam o segundo lugar nessa balança.
A recente declaração de Lula em cadeia nacional, na qual o presidente brasileiro criticou o poder das plataformas digitais e voltou a falar sobre a regulamentação das redes sociais, aumentou ainda mais a tensão. A fala foi interpretada por Trump como ameaça às gigantes da tecnologia norte-americana, o que pode acelerar represálias diplomáticas e comerciais por parte da Casa Branca.