Cantor da dupla Bruno & Marrone depõe após acusação criminal; veja
Artista compareceu à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância
Foto: Reprodução
O cantor Bruno, da dupla sertaneja Bruno & Marrone, prestou depoimento na última sexta-feira (15) na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), em São Paulo. No inquérito apura-se um ato de transfobia do artista com a repórter trans Lisa Gomes, da RedeTV!.
A revista quem teve acesso ao depoimento de Bruno, que foi denunciado por transfobia ao Ministério Público Paulista em maio do ano passado. A Associação dos LGBTQIA+ apresentou a causa, pedindo punição ao artista pelo comportamento didcriminatório contra a repórter. Na oportunidade, ele questionou Lisa no início da entrevista com uma pergunta constrangedora, sobre ela ter ou não o órgao reprodutivo masculino. "Você tem pau?", perguntou Bruno.
Bruno afirma em depoimento que, dada a repercusão na mídia, contatou a repórter e se desculpou pela situação. O sertanejo conta que, na conversa com a vítima, ela sugeriu que ele fizesse uma retratação pública.
Durante o documento, ele ainda diz que não teve a intenção de ofender ou discriminar a vítima, negando ser uma pessoa preconceituosa, nutrindo profundo respeito pela população LGBT e demonstrando-se arrependido de sua conduta.
Veja o depoimento do cantor:
“Esclarece o declarante que é músico há quase 40 anos, sendo cantor da dupla sertaneja “Bruno & Marrone”. Sobre os fatos investigados no presente inquérito policial, narra que, no dia 12 de maio de 2023, antes de se apresentar em uma casa de shows em São Paulo/SP, “Villa Country”, concedeu uma entrevista à repórter Lisa Gomes, da Rede TV, que seria veiculada no programa “TV Fama”. Ocorre que, antes de iniciar a reportagem, quando ele e Lisa conversavam sobre assunto diverso daquele que seria objeto da matéria, questionou a repórter se ela “tinha pau”, se referindo à genitália masculina. Esclarece que fez tal pergunta por curiosidade apenas. Informa que não sabia que aquele diálogo estava sendo gravado, pois a entrevista nem sequer tinha começado e a fala se deu durante uma conversa descontraída entre eles em momento anterior à entrevista. Esclarece que aquela não era a primeira entrevista que concedia a ora vítima e que, após o acontecimento, a entrevista seguiu normalmente, razão pela qual não percebeu que sua indagação havia causado algum constrangimento a Lisa. Afirma que a repórter foi muito cordial durante o encontro e a entrevista seguiu seu curso normal, tendo, inclusive, a repórter pedido para que o declarante gravasse um vídeo para sua sogra, que era fã da dupla, após o término da reportagem, o que fez com prazer. Aduz que, após o ocorrido, ao tomar conhecimento, pela repercussão na mídia, que sua pergunta havia causado constrangimento à repórter, imediatamente a contatou via telefone com a finalidade de se desculpar por eventual ofensa ou constrangimento. Na oportunidade, entendeu toda a problemática do processo de transição vivenciado por Lisa, tendo a conversa sido muito esclarecedora, desculpando-se por entender que sua pergunta foi inapropriada. Alega que na conversa com a vítima, esta sugeriu que ele fizesse uma retratação pública. Atendendo ao pedido, gravou um vídeo para sua conta no Instagram, que foi publicado no dia 19 de maio de 2023, com marcação da conta oficial de Lisa na plataforma Instagram, visando mitigar os prejuízos causados por sua pergunta, sendo que tal postagem permanece disponível em seu perfil até a presente data, consignando que ontem contava com 1.819.088 reproduções, 104.213 curtidas e 7.014 comentários. Deseja consignar que somente tomou conhecimento que tal fala seria objeto de investigação criminal a pedido de uma entidade a partir de matérias jornalísticas veiculadas pela imprensa, ocasião em que se colocou à disposição da Justiça para esclarecer os fatos narrados. Afirma que não teve a intenção de ofender ou discriminar a vítima, negando ser pessoa preconceituosa, nutrindo profundo respeito pela população LGBT, demonstrando-se arrependido de sua conduta. Indagado se tratou a vítima com menosprezo e frieza, conforme por ela alegado nas declarações prestadas nesta Especializada, respondeu que não. Negou, ainda, que em entrevistas anteriores teria empurrado a vítima ao seu parceiro musical dizendo "fica com ela é você que gosta". Consignou, por fim, que trata todas as mulheres com respeito, sejam elas trans ou cisgênero.”