Os complexos desafios no combate ao bullying
Cerca de 6,7 milhões de estudantes sofreram algum tipo de violência na escola no último ano
Foto: Freepik
O Bullying é um problema sério que afeta milhões de crianças e adolescentes em todo o mundo. Embora tenhamos bastante esforços para combatê-lo, ainda há diversos desafios que dificultam a eliminação desse comportamento.
Quando colocamos em pauta uma temática como essa, compreendemos de forma mais ampla a real complexidade que este assunto possui já que muitas das vezes o bullying pode estar ligado a algo mais profundo do indivíduo, seja ele um trauma pessoal ou sofrimento emocional existente dentro de si.
Para as vítimas do bullying os desafios são muito maiores. Muitas das vezes, elas enfrentam o dilema de preferir não relatar a agressão, principalmente por medo, vergonha e até mesmo retaliação. Além disso, esses jovens podem não reconhecer de imediato que estão sendo alvos de bullying, especialmente se as práticas estiverem disfarçadas de brincadeiras.
Portanto, é imprescindível aumentar a conscientização sobre os diferentes tipos de bullying e buscar educar tanto crianças quanto adultos sobre como reconhecer tais ações e como agir diante delas.
Papel da Escola
Em entrevista para o Varela Net a Pedagoga, Cristiane Coelho, destaca que a escola enquanto espaço social tem grande responsabilidade na formação dos sujeitos, pois afinal é nela que criamos relações de socialização e de aprendizagens.
“É também na escola que pautamos sobre as emoções e sentimentos, E é nesse espaço que tem surgido cada vez mais casos de bullying.”
Segundo uma pesquisa feita pelo DataSenado cerca de 6,7 milhões de estudantes sofreram algum tipo de violência na escola no último ano, este número representa 11% dos quase 60 milhões de estudantes matriculados.
Para Cristiane Coelho, a criação de propostas pedagógicas é um dos caminhos para o combate ao bullying dentro das escolas. A profissional da educação ressalta que é necessário construir diariamente um ambiente inclusivo que promova a diversidade e que crie propostas pedagógicas que fale e celebre as diferenças de forma respeitosa. Promovendo atividades que potencializam a auto estima.
Lei para o Bullying
O bullying a cada dia vem tomando proporções que exigem ações concretas e contínuas da sociedade, para isso muitas famílias vêm se respaldando em leis que garantem uma responsabilização para os tais atos.
Segundo o Conselheiro Titular da Associação dos Advogados Criminalistas da Bahia, Igor Arcanjo, a principal lei em vigor que atribui essa responsabilização é a Lei nº14.811/2024 que institui crime para a prática de Bullying, acrescentado ao Código Penal Brasileiro o Art. 146-A, tipificando, ou seja, criminalizando a prática do Bullying e do Cyberbullying.
Essa legislação busca proporcionar diversos direitos e garantias a esses jovens, promovendo um ambiente escolar mais seguro e saudável para eles.
Ainda em entrevista para o Varela Net, o Dr. Igor Arcanjo destacou como famílias de crianças e adolescentes devem se resguardar diante de casos com precedentes sérios, a exemplo da morte do garoto Carlos Teixeira de 13 anos, que morreu uma semana após dois estudantes pularem sobre as suas costas na Escola Estadual Júlio Pardo Couto, em Praia Grande, no litoral de São Paulo.
“Buscar informações sobre o comportamento da criança e de ações sobre a mesma, podem evitar um desfecho trágico como esse. Na primeira reclamação do jovem, a família deve buscar perante a escola, uma ação efetiva e, a depender do caso, buscar a necessária ação do Estado”
Dr Igor complementa dizendo que para o autor do Bullying, há a possibilidade de ser investigado, processado e sentenciado pelo crime em questão, além da possibilidade de indenizar a vítima pelo constrangimento impingido.
Para que haja um enfrentamento eficaz no combate é preciso que a sociedade comece a levar a sério todas as questões que permeiam esse assunto. E que a comunidade na qual o indivíduo que sofre tais agressões está inserido passe a identificar os sinais e busque de forma imediata um auxilio especializado.
Cristiane Coelho - Pedagoga
Dr. Igor Arcanjo - Advogado Criminalista