"A Hora da Estação": Sheila Varela entrevista a doutora Clarissa Cerqueira
Doutora Clarissa é infectologista e contou um pouco sobre Botulismo, sintomas e tratamentos, além de outros assuntos relacionados com medicina e infectologia
Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal
No terceiro episódio da série de entrevistas "A Hora da Estação", a jornalista e apresentadora Sheila Varela recebeu a doutora Clarissa Cerqueira, especialista em infectologia. A conversa foi marcada pelas conversas sobre doenças como Botulismo e Pneumonia.
Durante a entrevista, a infectologista falou sobre o que é Botulismo:
"E o botulismo é o botox. Quem nunca colocou um botox, né? Toxina botulínica. Botox, então tem tudo a ver com o botulismo. Tem tudo a ver. Quando a gente coloca um botox, o que acontece? Paralisia dos músculos faciais. O botulismo é a ingestão dessa toxina. É a ingestão, só que depende da quantidade produzida no alimento. A pessoa ingere e ela não fica localizada no músculo que você coloca. Ela vai para o corpo, se dissemina, se liga nos nervos e leva uma paralisia. Essa paralisia é progressiva. Ela começa aqui na cabeça, vai paralisando os músculos e vai descendo. Até chegar no pulmão, que é o órgão mais nobre que a gente tem. E o paciente que tá lá, orientado, lúcido, não tem força, não tem musculatura pra respirar. Aí que vem a gravidade da doença. Então eu posso dizer que é uma doença transmitida. É causada por uma toxina de uma bactéria então é uma paralisia de órgãos internos isso começa assim pelos olhos então a visão fica turva pálpebra cai depois desce pra garganta a pessoa tem dificuldade para engolir porque a musculatura fica flácida não consegue ter controle e desce e vai pro pulmão e a partir daí vai cometendo" contou a doutora.
Além disso, quando questionado por Sheila, Clarissa também falou sobre a problemática da resistência com antibióticos:
"Nossa, isso é um problema seríssimo, que nos próximos 50 anos é até estipulado que seja a principal causa de morte no mundo, doenças infecciosas em que a gente não tenha como tratar. A gente não consegue tratar por conta da resistência, as bactérias conseguem evoluir com resistência às drogas que a gente está criando. Eu gosto de explicar da seguinte forma, tem uma bactéria, a gente vai criar um antibiótico e as bactérias morrem. Só que sempre vai ficar um resquício de bactéria, uma ou outra ali, que por conta própria ela já era resistente, mas se você matou a grande parte delas, o espaço que você matou não fica vazio, outras bactérias vão ocupar esse espaço. Mas quem é que vai ocupar? As resistentes, porque você está dando a pressão seletiva desse antibiótico. Aí, essa que já é resistente e vai sendo transmitida de pessoa a pessoa, eventualmente. Até que sofreu essa mutação. Aí agora a gente faz o quê? Cria novo antibiótico para essa mutação. Aí cria, aí a bactéria vai e fica resistente a esse novo antibiótico. Então é uma guerra, é um puxa-corda de um lado do outro. Então a gente vai para a mesma bactéria, puxa de um lado, cria antibiótico, a bactéria faz mutação. Cria outro antibiótico, faz mutação. Então tá essa briga aí constante" falou ela.