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Transtornos Alimentares e redes sociais: qual o perigo do #edtwt?

Transtornos Alimentares e redes sociais: qual o perigo do #edtwt?

Com receitas para emagrecimento perigosas, uso indevido de laxantes e comparação de medidas, comunidade no Twitter levanta debate sobre a romantização de transtornos alimentares

| Autor: Deivide Sena

Foto: Reprodução/Freepik

No Brasil, uma em cada vinte pessoas possuem algum transtorno alimentar, sendo os principais: bulimia, anorexia nervosa e compulsão alimentar. As redes sociais contribuíram para o agravamento desses transtornos, principalmente na população jovem, por conta da comparação com personalidades da Internet e do reforço de padrões de beleza inalcançáveis.

O X (antigo Twitter) é uma rede social muito conhecida pelas suas comunidades. Fãs utilizam a rede para encontrar outros fãs, profissionais seguem seus colegas e eleitores seguem políticos com a sua ideologia. Com os distúrbios alimentares não é diferente. O edtwt (abreviação para Eating Disorder Twitter) é uma comunidade onde pessoas que possuem os transtornos contam suas experiências, compartilham fotos do corpo, suas medidas e dietas para perder peso. Mas, por que isso é um problema?

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Há uma certa romantização dos transtornos alimentares, são utilizadas fotos de corpos hiper magros como "metas" a serem alcançadas e adolescentes, principalmente meninas, são incentivados a restringirem a própria alimentação. Alguns usuários relatam que ficaram mais de 24 horas sem ingerir nenhum alimento e comemoram quando completam o ciclo de NF (do inglês, No Food), além do uso indevido de laxantes. 

 

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Além disso, a comunidade também expõe pessoas que possuem o transtorno a comentários que podem agravar o seu quadro. A psicóloga Tatiane Abreu, que trata de comportamento alimentar, alerta sobre o perigo desses comentários: “Nas redes sociais temos os padrões de beleza e de corpo, julgamento das pessoas entre ‘está muito magro’ ou ‘nossa, você está gordinha, né?’. Então, acaba sendo um mix de desinformações que levam as pessoas a adotarem comportamentos disfuncionais. Ou seja, exageram em alimentos pouco nutritivos e depois se restringem completamente".

Mas, o que são transtornos alimentares? 

Os transtornos alimentares são condições de saúde mental que afetam o comportamento de uma pessoa com relação à comida, corpo e peso. Esses transtornos envolvem emoções, atitudes e comportamentos persistentes que interferem na capacidade de uma pessoa de manter uma alimentação saudável.

No Brasil, os principais transtornos que impactam as vidas dos brasileiros são  bulimia, marcada por compulsão, seguido de métodos para evitar o ganho de peso; anorexia nervosa, que é um distúrbio alimentar que leva a pessoa a ter uma visão distorcida de seu corpo, que se torna uma obsessão por seu peso e aquilo que come; e a compulsão alimentar, caracterizada pela ingestão de grandes quantidades de alimento, mesmo sem apetite.

Como identificar que alguém está desenvolvendo um Transtorno Alimentar e o que fazer para ajudar?

A forma de diagnóstico pode variar dependendo do transtorno. De acordo com a psicóloga Tatiane, cada transtorno "tem uma característica diferente e uma série de critérios listados pelo DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) para que possam ser diagnosticados como transtorno alimentar".

Tatiane listou alguns sinais que podemos ficar atentos para identificar que alguém pode estar desenvolvendo algum transtorno, são eles:

- Preocupação excessiva com o peso, a alimentação e o corpo;
- Mudanças bruscas de peso (aumento ou diminuição);
- Hábitos alimentares restritivos ou excessivos;
- Obsessão por exercícios físicos;
- Discurso muito negativo sobre a própria aparência;
- Isolamento social (para comer sozinho; evitar comer; ou vergonha da própria imagem).

É importante ressaltar que o tratamento para transtornos alimentares deve ser realizado por profissionais. Porém, amigos e familiares podem trabalhar para que o indivíduo se sinta mais confortável para buscar ajuda.

"A melhor abordagem é agir com empatia e sensibilidade, evitando julgamentos. Evitar toda e qualquer forma de comentários sobre o corpo da pessoa, sobre sua aparência ou jeito de comer. Simplesmente não comente nada. Se for possível, escute, acolha, ofereça ajuda para procurar profissionais especializados na área (Psicólogo ou Psiquiatra)", afirmou a psicóloga.

Tatiane também reforçou a importância de criar um ambiente seguro para quem sofre com algum dos transtornos. "Não a force a comer ou diga para parar. Entenda que seu papel como amigo(a) ou familiar é auxiliar, mas respeitando o tempo e o espaço do indivíduo. Além disso, criar um ambiente de suporte, com compreensão e apoio, faz toda a diferença no processo de recuperação", finalizou. 

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