SUS realiza cirurgia fetal inovadora no Rio para corrigir malformação em bebê
Ministros como Gleisi Hoffmann, Sidônio Palmeira e Márcio Macedo se fizeram presentes na Câmara
Foto: Reprodução/Fantástico
Em uma cena digna de ficção científica, médicos do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IECPN), no Rio de Janeiro, realizaram uma cirurgia fetal de alta complexidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O procedimento, feito em parceria com a Maternidade Escola da UFRJ, envolveu a retirada do útero da operadora de caixa Tainá de Andrade para corrigir uma malformação na medula de seu filho, Nathan, diagnosticado com mielomeningocele e síndrome de Chiari tipo 2. A técnica, conhecida como cirurgia intrauterina a céu aberto, permitiu que neurocirurgiões operassem o feto ainda na barriga, oferecendo esperança para uma vida com menos sequelas.
A mielomeningocele, identificada em exames pré-natais, ocorre quando o tubo neural do feto não se fecha corretamente nas primeiras semanas de gestação, podendo levar à síndrome de Chiari tipo 2, na qual parte do cerebelo se desloca para o canal vertebral. No caso de Nathan, a condição exigia intervenção precoce para evitar complicações como hidrocefalia e perda de funções motoras. Durante a cirurgia, os obstetras abriram o abdômen de Tainá, expuseram o útero e fizeram uma incisão de 3,5 cm, permitindo que a equipe liderada por neurocirurgiões reconstruísse as camadas de membrana, músculo e pele do feto, protegendo a medula exposta e estabilizando o líquido cerebrospinal.
A operação, que durou cerca de quatro horas e envolveu 14 profissionais, incluindo obstetras, neurocirurgiões e anestesistas, é considerada um marco no SUS fluminense. Desde 2018, o IECPN e a Maternidade Escola da UFRJ já realizaram 48 procedimentos semelhantes, sendo referência no Brasil para esse tipo de cirurgia fetal. Estudos como o Management of Myelomeningocele Study (MOMS) apontam que a correção intrauterina reduz significativamente a necessidade de drenos cerebrais e melhora o desenvolvimento motor, comparada à cirurgia após o nascimento. O procedimento, gratuito e acessível, destaca a capacidade do SUS de oferecer tratamentos de ponta, mesmo em casos raros.
A recuperação de Tainá e Nathan segue sob acompanhamento médico, com expectativas positivas. A mãe, que enfrentou o medo inicial do diagnóstico, agora celebra a chance de seu filho ter uma vida mais saudável. “É um orgulho para o SUS do Rio de Janeiro”, afirmou o neurocirurgião Gabriel Mufarrej, um dos responsáveis pela cirurgia, em entrevista recente.