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Tuberculose voltou a crescer, alerta infectologista da Fundação José Silveira

Tuberculose voltou a crescer, alerta infectologista da Fundação José Silveira

Eduardo Martins Netto é coordenador do Centro de Pesquisa, Aprendizagem e Inovação da entidade

| Autor: Cássio Moreira *

Foto: Domingos Júnior/Varela Net

Após uma leve redução nos casos da tuberculose ao longo da última década, o número de diagnósticos da doença voltou a crescer em 2021. O alerta é do infectologista Eduardo Martins Netto, coordenador do Centro de Pesquisa, Aprendizagem e Inovação da Fundação José Silveira (FJS). 

"Nós temos, durante os últimos dez anos, uma diminuição significante do número de casos, apesar de ainda lento. Temos em torno de 1% a 1,7% de casos por ano. Durante a pandemia, nós sofremos uma diminuição de quase 17% do número de casos captados. No ano de 2021, cresceu muito a captação do número de casos, porque esses casos foram acumulados. Então, nós tivemos em torno de 1.900 casos diagnosticados em Salvador; na Bahia, em torno de 5.300 casos de tuberculose", disse o infectologista nesta segunda-feira (5), durante um evento na sede da FJS, por ocasião do Dia Municipal de Combate à Tuberculose.

Além de palestras no auditório do Instituto Brasileiro para Investigação de Tuberculose (Ibit), em Salvador, a programação incluiu uma ação de conscientização em uma feira no bairro do Calabar. 

Durante a sua fala no evento, Martins Netto chamou a atenção para a importância de as pessoas identificarem sobretudo os primeiros sinais da enfermidade, que muito se assemelham aos da Covid-19.

"Este momento tem muito a ver com a pandemia da Covid porque a tuberculose se confunde muito. Ela vem com tosse, com febre, mal-estar geral. A tuberculose também é uma doença que você tem tosse febre por três semanas. Então, os dois se confundem. Nós tivemos um impacto muito negativo durante o primeiro ano da pandemia, com a diminuição significante do número de casos, mas não porque eles não existissem, eles existiram, e nós estamos agora sofrendo com o aumento significante dos casos de tuberculose. Por isso é importante a gente buscar esses casos, as evidências, ir nas comunidades. É fundamental fazermos esse trabalho", explicou ele.

Segundo o infectologista, o tratamento da tuberculose no Brasil depende especialmente do sistema público de saúde. "A droga é de graça, isso eleva a captação segura do paciente,diminuiu a taxa de abandono. O posto de saúde é sustentado por essa máquina toda de saúde pública que nós precisamos. A diminuição do número de casos está muito associada com o investimento da tuberculose", acrescentou Martins Netto.

Vacina BCG evita quadros graves

Ao Varela Net, a vice-presidente da Fundação José Silveira, Dolores Fernandez, lembrou da importância da vacina BCG para evitar a forma mais grave da doença. "Esta data ela traz à tona a questão da tuberculose, que é uma doença que tem tratamento e as pessoas ficam boas. É importante as pessoas saberem disso. Mais ainda, a tuberculose não acabou e mata. Então, as pessoas precisam vacinar seus filhos com a BCG para não ter a tuberculose na sua forma grave", disse.

Presente na palestra, a médica infectologista Denise Arakaki, assessora da Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle da Tuberculose no Ministério da Saúde, afirmou que a doença é 13ª principal causa de morte em todo o mundo.

"A Bahia é um dos estados que têm mais casos de tuberculose no Brasil. É uma doença muito antiga, mas continua muito atual porque acomete as populações de maior vulnerabilidade. Pessoas que moram em moradias inadequadas, com condições precárias, com alguma outra doença. Entre as doenças, a principal é o HIV. A tuberculose no mundo é a 13ª maior causa de morte no mundo entre todas as causas. Nas doenças infecciosas, ela só perde para a Covid", afirmou.

*Sob supervisão do editor Alexandre Santos

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