Botulismo: Um perigo silencioso e oculto; entenda

A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, Sesab, registrou seis casos de Botulismo no estado neste ano de 2024. Desses, três pacientes estão internados, um recebeu alta médica e dois acabaram morrendo devido à doença, um em Campo Formoso e um em Salvador. No ano de 2023, o estado registrou apenas dois casos da doença. 

Na Bahia, a Sesab suspeita que o surto no estado tenha sido provocado após o consumo de uma mortadela de frango de uma marca específica, situação que foi comum à maioria dos pacientes que contraíram a doença.

O botulismo é uma intoxicação alimentar grave causada pela neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Apesar de ser uma condição rara, as consequências da doença podem ser graves e até fatais se não diagnosticadas e tratadas de forma rápida. 

O Varela Net conversou com a infectologista Clarissa Cerqueira, que explicou o que é a toxina." É a mesma toxina que a gente coloca para paralisar o nosso rosto e ficar mais bonito. Só que em quantidades controladas no caso do Botox"

Além disso, ela explicou ainda como a bactéria se forma. "Essa bactéria forma esporos, que são formas dormentes e muito resistentes a temperaturas elevadas, tanto é que a gente só elimina esporos com a esterilização. Só esquentar, ferver a 100 graus Celsius não é suficiente. Ela é muito resistente à temperatura, então só a esterilização que elimina esses esporos".

A bactéria é geralmente encontrada em ambientes como solo e sedimentos e pode acabar se proliferando em alimentos mal conservados, principalmente quando alimentos enlatados ou conservados de forma inadequada são consumidos. "Então aí tem lá uma comida, algo contaminado com esses esporos, que são as formas dormentes das bactérias. Se for um ambiente propício, esse esporo vai evoluir e virar uma bactéria que vai produzir toxina", disse a médica. 

Os sintomas começam geralmente a aparecer entre 12 e 36 horas após o contato com a bactéria e incluem fraqueza muscular, visão turva, dificuldade para engolir e paralisia. " A pessoa come esse alimento e essa toxina, ela vai fazer uma paralisia descendente, vai começar paralisando o rosto e é uma paralisia que vai descendo para o pescoço e demais membros e aí chega no pulmão causando insuficiência respiratória. Neste caso, o paciente precisa ser entubado, precisa de suporte e essa toxina dura muito tempo funcionando, então o paciente teria que ficar em vigilância respiratória e evitar infecções secundárias", explicou Cerqueira.

O tratamento envolve, de forma geral, a administração de antitoxina botulínica que neutraliza a toxina, ajudando o paciente na recuperação. Em casos mais graves, o internamento e o suporte respiratório podem ser necessários. "É uma coisa muito grave, o ideal é que as pessoas não se infectem", alerta a infectologista.

Para a prevenção do botulismo, é essencial seguir boas práticas de conservação dos alimentos e isso inclui: esterilização adequada de conservas caseiras e evitar o consumo de alimentos em embalagens danificadas. O recente índice de crescimento no número de casos do Botulismo serve como um alerta para toda a população sobre a necessidade da segurança alimentar.