Aumento nos casos de coqueluche preocupa a Bahia em 2024
Bahia enfrenta um aumento significativo nos casos de coqueluche em 2024, segundo dados divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab)
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
A Bahia enfrenta um aumento significativo nos casos de coqueluche em 2024, segundo dados divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). Até o momento, foram registrados 81 casos suspeitos, dos quais 18 foram confirmados. A doença, causada pela bactéria Bordetella pertussis, é altamente contagiosa e voltou a causar preocupação após a confirmação de uma morte, a primeira associada à coqueluche no estado desde 2019.
O óbito registrado foi de um bebê no interior da Bahia, conforme confirmado pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) no último dia 21 de novembro. A morte, ocorrida em 12 de novembro, chamou a atenção das autoridades porque a vítima não havia recebido nenhuma vacina do calendário básico de imunização. Durante a internação, além da coqueluche, a criança testou positivo para COVID-19, rinovírus e adenovírus. Este foi o primeiro óbito causado pela coqueluche na Bahia desde 2019.
Em entrevista, a médica infectologista Áurea Paste explicou as possíveis causas para o aumento da incidência de casos de coqueluche nos últimos anos. Segundo a especialista, esse crescimento é multifatorial, sendo influenciado principalmente pela queda na cobertura vacinal contra a doença. Além disso, Áurea destacou que tanto a imunidade adquirida pela vacinação quanto pela infecção natural diminui com o tempo, o que torna as pessoas suscetíveis novamente. Essa suscetibilidade facilita a transmissão da coqueluche.
A infectologista Áurea Paste também destacou os fatores de risco mais comuns para contrair coqueluche. Segundo ela, o principal fator é o contato direto com pessoas infectadas, especialmente aquelas que apresentam quadros mais leves e não procuram tratamento. “E as pessoas mais vulneráveis, principalmente os bebês, são as que mais sofrem porque a tosse compromete muito e é onde tem um quadro mais grave com mortalidade maior. Principalmente nos 6 primeiros 6 meses a um ano de vida.”
Os sintomas iniciais da coqueluche incluem febre baixa, coriza e tosse leve, que podem evoluir para episódios graves de tosse convulsiva, especialmente em bebês. A doença é perigosa em crianças menores de um ano, podendo levar a complicações como pneumonia e até óbito. O tratamento envolve o uso de antibióticos, mas a prevenção continua sendo a melhor estratégia.
A infectologista Áurea Paste também explicou os tratamentos e cuidados mais eficazes para pacientes com coqueluche, especialmente em estágios avançados da doença. Segundo ela, o primeiro passo é suspeitar do diagnóstico com base nos sintomas clínicos e confirmar a infecção por meio de exames laboratoriais. O tratamento envolve o uso de antibióticos para combater a bactéria e prevenir a transmissão, além de cuidados de suporte, como hidratação adequada, repouso e, em alguns casos, o uso de xaropes para aliviar a tosse. “A tosse é um sintoma mais frequente, mas que incomoda mais, então a gente chama de tosse paroxísca ou tosse tipo esguincho, a criança, ainda mais uma criança pequenininha que não tem musculatura desenvolvida, sofre muito durante esses surtos de tosse e isso pode durar bastante tempo, até mais de 6 a 10 semanas, então que seja um tratamento adequado.” disse a especialista.
Para conter o surto, a Sesab intensificou campanhas de vacinação e orientações à população sobre a importância de manter as doses atualizadas. A vacina tríplice bacteriana (DTP), que protege contra coqueluche, difteria e tétano, é oferecida gratuitamente nos postos de saúde e deve ser administrada em várias doses ao longo da infância, além de reforços para adolescentes e adultos.