Em livro, Olívia narra trajetória e desafios como mulher preta na política
Pré-candidata a prefeita de Salvador, deputada estadual detalha na obra mais de três décadas de luta num espaço em que a representação feminina ainda é desigual
Foto: Maiara Cerqueira/ Institut Goethe
"Inspirador e feito para mulheres guerreiras". É como a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) define o seu livro, "Mulher Preta na Política", lançado no dia 25 de julho, no projeto Casa Mulher com a Palavra, no Institut Goethe, no bairro da Vitória, em Salvador. A data de lançamento, a propósito, casou com a celebração do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, data que reforça a luta das mulheres negras por direitos e respeito.
"Essa obra diz respeito a uma experiência que eu busquei compartilhar como ser uma mulher preta fora do lugar que o sistema nos condicionou. Um lugar de subalternidade, de ser apenas a eleitora, beneficiária da política pública e ser aquele que está num parlamento que não foi feito para nós. Eu consegui romper isso e chego carregando uma trajetória de luta e esforços para conquistar esse lugar. Mas não penso apenas na perspectiva individual. Nossa presença só será plenamente bem-sucedida se resultar num ganho coletivo", reflete Olívia em entrevista ao Varelanet.
Filha de uma trabalhadora doméstica e um marceneiro, Maria Olívia Santana tem 56 anos, é formada em pedagogia na Universidade Federal da Bahia (Ufba). Nascida em Salvador, ela está no caminho da militância desde muito cedo. Já foi vereadora, secretária municipal de Educação e Cultura da capital baiana e atuou também nas secretarias estaduais de Política para Mulheres, Trabalho, Emprego, Renda e Esporte. Atualmente, cumpre o seu segundo mandato na Assembleia Legislativa focado na construção de um projeto de transformação social, sempre em parceria com as diversidades de identidades. A deputada foi reeleita com mais de 92 mil votos.
Ao falar sobre a novidade de entrar para o mundo das letras, Olívia diz que o desafio é mostrar na obra detalhes das mais de três décadas de engajamento nas lutas sociais por meio da política.
Apesar de seu protagonismo e de tantas outras mulheres, Olívia afirma que o Brasil deixa muito a desejar no que diz respeito à equidade política. "Em pleno século 21, e ainda temos essa sub-representação de mulheres na política, sobretudo mulheres pretas e indígenas. É vergonhoso. Eu quero viver num país moderno, avançado. Um país em que mulheres e homens possam compartilhar espaços de poder, decisão política e trabalhar em projetos generosos de emancipação de toda sociedade. É nisso que eu acredito e o livro também aborda isso", diz.
De acordo com o TSE Mulheres, entre 2016 e 2022, o Brasil teve, em média, 52% do eleitorado constituído por mulheres. No universo de 33% de candidaturas femininas, 15% destas foram eleitas. O ranking também mostra que, em 2022, o Brasil ocupou a 129ª na lista de países cujas mulheres têm espaço na política. A Câmara dos Deputados brasileira é um exemplo de tamanha disparidade. Com 513 assentos, a Casa legislativa tem hoje apenas 17,7% das vagas ocupadas por mulheres.
"Geração de emprego e renda é meu foco", diz sobre eleições em 2014
Um dos nomes mais cotados na base governista de Jerônimo Rodrigues (PT) para disputar a Prefeitura de Salvador em 2024, Olívia afirma ter como pauta prioritária enfrentar o gargalo da geração de emprego e renda na cidade buscando soluções próprias.
“Buscamos muito de fora a solução para os nossos problemas. Salvador precisa de uma governante que enxergue os talentos e a força criativa que a cidade tem. Existem várias coisas boas acontecendo na cidade. Coisas essas que precisam ser potencializadas com investimentos públicos e fortalecidas como estratégias de desenvolvimento econômico. Articular educação, cultura, ciências e tecnologia e geração de emprego e renda é um dos caminhos para enfrentar esse problema", afirma.
MULHER PRETA NA POLÍTICA
Autora: Olívia Santana
Preço: R$58
Onde comprar: Editora Malê e demais livrarias
*Sob supervisão do editor Alexandre Santos