Movimento negro pede justiça pelo assassinato de Mãe Bernadete em Salvador
Ativistas ligados a diversas entidades e ao movimento negro realizam ato público em frente à Igreja do Basílica Santuário do Senhor do Bonfim, na Cidade Baixa
Foto: Reprodução/Camila Marinho/TV Bahia
A morte da ialorixá completa uma semana nesta quinta e uma missa será celebrada, no final da manhã, na Basílica Santuário do Senhor do Bonfim, a igreja mais reconhecida no roteiro turístico da capital baiana.
“Seguir a luta é a principal forma de manter viva a memória de Mãe Bernadete. É preciso uma apuração rigorosa, com a prisão dos mandantes e assassinos. Mãe Bernadete foi morta por lutar em defesa do seu território", disse Milena Oliveira, do Movimento Mulheres em Luta (MML).
Segundo os manifestantes, o ato faz parte do dia nacional de luta contra a violência policial e o genocídio do povo preto.
“Estamos assistindo uma escalada da violência policial contra o povo preto e pobre em todo o país. A Bahia tem a polícia mais violenta do Brasil, apontam os dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ano passado, 1.464 pessoas foram mortas em ações policiais em nosso Estado. Isso tem que parar”, afirmou Matheus Araújo, do Movimento Aquilombar.
Segundo o ativista, a política de segurança pública do governo da Bahia é ancorada em uma "falsa guerra às drogas, que virou a desculpa usada pelas forças de repressão para perseguir, prender e matar o povo preto, pobre e periférico".
Os manifestantes citaram o levantamento da Rede de Observatórios de Segurança, "Pele alvo: a cor que a polícia apaga", divulgado, em novembro de 2022, que apontou que uma pessoa negra foi morta pela polícia na Bahia a cada 24h, em 2021.
"É o extermínio da juventude pobre e negra sendo colocado em prática. Um verdadeiro genocídio”, completou o ativista do Movimento Aquilombar.
Em um panfleto distribuído durante o protesto, assinado pelo Movimento Aquilombar, Coletivo Rebeldia, Movimento Mulheres em Luta e Secretaria de Negras e Negros do PSTU, foram apresentadas algumas propostas.
Entre elas estão:
- Implantação de câmeras de monitoramento em todos os polícias.
- Controle social das polícias pelas organizações populares, com direito a eleição de seus comandantes, garantindo o direito de sindicalização e greve aos policiais.
- Fim da falsa política de guerra às drogas.
- Revogação da Lei de Drogas de 2016.
- Descriminalização das drogas, para combater o narcotráfico.