Mãe Bernadete lutava para elucidar assasinato do filho, há anos sem respostas
Binho do Quilombo foi executado dentro do carro dele, na manhã de 19 de setembro de 2017, em Simões Filho
Foto: Reprodução/Redes sociais
A líder quilombola e ialorixá Bernadete Pacífico, morta a tiros na noite desta quinta-feira (17), em Simões Filho, lutava para que as autoridades elucidassem o assassinato do filho, Flávio Gabriel Pacífico dos Santos, o Binho do Quilombo, ocorrido há quase 6 anos.
"O assassinato de Binho, como o de tantas outras lideranças quilombolas, continua sem resposta e sem justiça. Junta-se à injustiça mais uma vítima da violência enfrentada por aqueles que ousam levantar suas vozes na defesa dos nossos direitos ancestrais", diz em nota Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos), da qual ela era coordenadora nacional. Bernadete tinha 72 anos.
Binho do Quilombo foi executado dentro do carro dele, na manhã de 19 de setembro de 2017. O crime ocorreu no território quilombola de Pitanga dos Palmares, na zona rural do município.
Em dezembro daquele ano, um homem chegou a ser preso temporariamente sob suspeita de ter cometido o crime.
O texto afirma que Mãe Bernadete, "agora silenciada, era uma luz brilhante na luta contra a discriminação, o racismo e a marginalização".
Segundo informações da Secretaria da Segurança Pública da Bahia, dois homens, usando capacetes, entraram no imóvel onde a líder quilobola estava e efetuaram disparos com arma de fogo.
"[Mãe Bernadete] Atuava na linha de frente para solucionar o caso do assassinato do seu filho Binho e bravamente enfrentou todas adversidades que uma mãe preta pode enfrentar na busca por justiça e na defesa da memória e da dignidade de seu filho. "Nessa luta, com coragem, desafiou o sistema e, como tantas mulheres, colocou seu corpo e sua voz na defesa de uma causa com a qual tinha um compromisso inabalável. Sua voz ressoava não apenas nas reuniões e eventos, mas também nos corações daqueles que acreditavam na mudança", afirma a nota.
Também conhecida como Mãe Bernadete, a ialorixá liderava o Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), disse que recebeu com indignação a notícia sobre o assassinato da líder quilombola. Ele afirmou ter determinado que as polícias Militar e Civil "sejam firmes na investigação".