Líder quilombola estava com os três netos quando foi executada, diz filho

O filho da liderança quilombola baiana, Bernadete Pacífico, de 72 anos, morta a tiros na quinta-feira (17), pediu justiça após o assassinato da idosa, dentro da associação do Quilombo Pitanga dos Palmares, na cidade de Simões Filho, na Região Metropolitana.

Em entrevista à TV Bahi no Instituto Médico Legal de Salvador, Wellington dos Santos falou sobre o assassinato da mãe e também do irmão Flávio Gabriel Pacifico dos Santos, o Binho do Quilombo, ocorrido em 2017.  Segundo ele, a idosa estava em companhia dos netos quando foi assassinada.

"Minha família está sendo perseguida. Em 2017, meu irmão foi assassinado da mesma forma e ontem minha mãe foi executada enquanto estava com seus três netos. Queria saber o que a gente fez para esse povo. Não sabia que fazer o bem contraria tanto as elites", disse.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia, dois homens, usando capacetes, entraram em imóvel onde estava a vítima, na cidade de Simões Filho, e efetuaram disparos com arma de fogo.

Segundo Wellington, a mãe foi morta com 12 tiros no rosto, após os suspeitos afastarem os três netos e uma quarta criança, que estavam com ela no imóvel, e efetuarem os disparos.

Ele diz ver relação entre as mortes do irmão e da mãe. Até o momento, a Secretaria de Segurança Pública não confirma a relação entre as duas mortes.

"Um crime liga ao outro. Eu confio na justiça de Deus e dos homens. Desse jeito, eles querem dizimar minha família. Agora só tem eu, então eu sou o próximo, mas eu não tenho medo não, eu só nasci uma vez e morrerei apenas uma vez e morrerei lutando", afirmou, disse.

Mãe Bernadete, como era conhecida, é ex-secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e líder da comunidade quilombola de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador.

"Uma líder, uma guerreira, uma mestre da cultura popular. Só tinha ela e ele, mas agora sou filho sem mãe e sem irmão", finalizou.