Entenda como a guerra entre Rússia e Ucrânia impacta na economia brasileira
Economista fala que momento é ruim para quem precisa de um empréstimo ou financiar um imóvel
Foto: Reprodução Cepa.org
Nada é tão ruim que não possa piorar. A situação da economia brasileira tem ficado ainda mais crítica por conta dos impactos da invasão russa à Ucrânia, que começou no dia 24 de fevereiro deste ano. A guerra tem influência direta nas finanças do Brasil e os impactos já são sentidos nos bolsos dos consumidores.
Quanto mais tempo a guerra dura, piores serão os efeitos, com os russos sendo um dos principais parceiros comerciais do Brasil, o 6º país que mais exporta para solo brasileiro.
Ucrânia e Rússia, ambas são consideradas grandes potências agrícolas. O conflito entre esses países prejudica a produção de alimentos em todo o mundo. É importante lembrar que essas nações juntas exportam 30% do trigo comprado pelo resto do planeta. Além do trigo, a Ucrânia ainda produz 17% do milho mundial.
“A Ucrânia também é conhecida como o celeiro da Europa, pois grande parte dos grãos importados são de lá, fertilizantes também. Impacta muito também no agronegócio brasileiro, porque o trigo está mais caro, como é possível perceber nas padarias, por exemplo. A Ucrânia produz grande parte do trigo do mundo e essa produção se perdeu”, comentou Bruno Brasil, bacharel em economia.
Os principais produtos comercializados são aqueles ligados ao agronegócio, como trigo, milho e fertilizantes. Com o comércio comprometido, a tendência é um aumento nos preços das commodities agrícolas.
O fator que mais influencia na economia do país é a questão das commodities, sobretudo petróleo e minério de ferro. O continente europeu também é bastante dependente desses produtos. Segundo especialistas da área de petróleo, quase metade do petróleo usado na Europa tem origem russa.
“A economia brasileira é muito dependente de commodities: petróleo, minério de ferro, e todos esses produtos são utilizados na guerra, e portanto subiram muito de preço, tanto minério de ferro, quanto petróleo, o que impacta na bolsa brasileira que é muito dependente desses produtos, então as empresas ligadas a eles subiram. A Valle teve uma grande valorização nesse último mês”, indicou o bacharel.
Essenciais, estes produtos refletem diretamente nos custos de produção básica, sendo as matérias primas do dia-a-dia. Eles são a base da economia global, e o crescimento desses preços gera inflação no mundo.
“Todo aumento de commodities gera inflação para todo o mundo, porque esses produtos são insumos de produção, logo aumenta os custos de produção. Então, todo mundo sofre com o aumento das commodities. Todos estão vendo a alta nos combustíveis, o problema da alta no preço do petróleo. O problema maior de fato na economia é esse, inflação, o que resulta no aumento da taxa de juros na tentativa de conter a inflação, a Selic está em quase 12%”, disse Bruno Brasil.
Investir ou não?
O economista ainda comentou sobre investimentos que ficam prejudicados com a alta nos juros. “Para quem quer pegar empréstimo é um momento ruim, e um bom momento para quem quer emprestar ou para quem vive de renda e tem seu dinheiro guardado. Está rendendo legal com a taxa de Selic em 12%, mas para quem quer fazer um financiamento, comprar um imóvel ou carro, pegar empréstimo, abrir uma empresa, é um momento complicado com essa alta de juros”, explicou.
Entretanto, os conflitos no velho continente também acabam gerando impactos positivos. A crise na Ucrânia e essas tensões na Europa espantam os investidores, que acabam buscando mercados mais calmos. Eles fazem análises dos grandes mercados, como o brasileiro, que acaba recebendo uma proporção maior de investimentos devido aos problemas de outros países.
“O real está se valorizando em comparação com o dólar e euro. Já saiu da casa dos 5 e chegou a faixa de 4.60; 4.50. Com a bolsa brasileira em alta, as commodities subindo, isso traz investimentos estrangeiros pro nosso país. Tudo isso é basicamente os investidores saindo da Europa e aportando dinheiro no Brasil, e isso resulta na valorização do real frente às outras moedas”, completou Bruno Brasil.
*Sob a supervisão do editor Rafael Tiago Nunes