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Corações valentes! Entendendo os riscos cardíacos no futebol

Corações valentes! Entendendo os riscos cardíacos no futebol

Veja 12 casos de jogadores que enfrentaram problemas no coração

| Autor: Lucas Vieira

Foto: Redes Sociais (3x), Fernando Pilatos/Futura Press, Redes Sociais (3x), Divulgação/Benfica, RPC, Leandro Couri, Redes Sociais e AFP

No cenário esportivo, o futebol se destaca não apenas pela habilidade dos jogadores, mas também pelos desafios inesperados que esses atletas enfrentam. Recentemente, a morte do zagueiro uruguaio Juan Izquierdo, vítima de uma arritmia cardíaca durante uma partida, destacou uma questão crítica sobre a saúde cardíaca no esporte.

Em uma entrevista esclarecedora, o cardiologista Dr. Tácito Bessa revelou aspectos importantes sobre a saúde cardíaca de atletas. Dr. Bessa explicou que, embora o exercício físico intensivo leve a adaptações no coração dos atletas, essas alterações não garantem proteção contra problemas cardíacos graves. “O coração de um atleta se torna mais eficiente com o tempo, mas isso não o torna isento de riscos”, destacou o cardiologista.

Dr. Bessa observou que o exercício físico pode atuar como um gatilho para problemas cardíacos pré-existentes, mas não é a causa primária das arritmias. “É essencial uma avaliação médica completa para detectar condições predisponentes que podem ser exacerbadas pelo exercício intenso”, concluiu. 

Ele enfatizou a importância de avaliações pré-participação rigorosas para minimizar o risco de eventos cardíacos fatais. “É crucial realizar exames como eletrocardiogramas e testes de esforço para identificar possíveis problemas antes que eles se tornem críticos”, explicou. Dr. Bessa.  Tácito também atua como cardiologista no Joinville Esporte Clube, que atualmente não disputa nenhuma divisão nacional, e ele nos contou um pouco da realidade do clube no aspecto cardiológico.

"Acabamos de realizar uma avaliação abrangente dos atletas para o novo campeonato. Foram feitos testes ergo-espirométricos para analisar o funcionamento cardíaco e pulmonar sob esforço, e eletrocardiogramas para detectar possíveis alterações. Se necessário, exames adicionais como ecocardiogramas foram realizados. Felizmente, todos os atletas apresentaram condições cardiovasculares normais, reduzindo assim o risco de problemas durante o exercício. A equipe visa minimizar riscos e garantir a segurança dos jogadores", afirma.
 

Sobre o caso Juan Izquierdo, Bessa destaca a necessidade de monitoramento constante e adequado para evitar tragédias similares. Com essa recente tragédia, relembramos casos semelhantes de atletas que enfrentaram sérios problemas cardíacos, impactando suas carreiras e, em alguns casos, suas vidas.

Conheça alguns casos marcantes:

1. Juan Izquierdo

O zagueiro uruguaio Juan Izquierdo, do Nacional-URU, sofreu uma arritmia cardíaca durante uma partida da Libertadores contra o São Paulo. O episódio, que chocou o mundo do futebol, culminou em sua morte no último dia 27 de agosto, após dias internado no Hospital Albert Einstein. De acordo com o Dr. Bessa "A causa exata do incidente não é clara. Sabe-se que ele sofreu uma arritmia cardíaca no final do jogo, que evoluiu para uma parada cardíaca. Ele chegou ao hospital já em parada cardíaca, o que comprometeu suas chances de sobrevivência. Todos os exames prévios estavam normais, sugerindo que a condição que levou ao evento pode ter se desenvolvido após a última avaliação. A dificuldade em identificar a parada cardíaca rapidamente pode ter contribuído para o resultado fatal".

2. Christian Eriksen

Durante a Eurocopa de 2021, o dinamarquês Christian Eriksen sofreu uma parada cardíaca em campo. Ele foi reanimado e passou por um implante de um cardiodesfibrilador. Apesar de uma recuperação impressionante, Eriksen teve que deixar a Inter de Milão devido às restrições médicas da Itália, retornando ao futebol apenas após a recuperação. 

Segundo o Dr. Bessa "O jogador dinamarquês Christian Eriksen sofreu uma parada cardíaca em campo, mas foi prontamente reanimado e conseguiu sobreviver. Após o evento, foi considerado o uso de um desfibrilador cardioversor implantável (CDI) para prevenir futuros episódios. Este dispositivo, semelhante a um marca-passo, detecta e trata arritmias malignas com choques elétricos, ajudando a evitar paradas cardíacas. Atletas com risco elevado de eventos cardíacos podem precisar desse dispositivo para continuar competindo, embora a aceitação de tais dispositivos varie conforme as regras de cada país. Após seu incidente, Eriksen precisou mudar de país para retomar sua carreira, pois na Itália não é permitido o uso do CDI por atletas".

3. Washington "Coração Valente"

Washington, ex-jogador de Fenerbahçe e Fluminense, descobriu ter 90% de uma artéria obstruída em 2002. Após um tratamento que incluiu cateterismo e angioplastia, o atacante retornou ao futebol e se destacou, conquistando o título brasileiro com o Fluminense em 2005. 

4. Serginho

O zagueiro Serginho, do São Caetano, sofreu uma parada cardíaca em 2004 durante um jogo contra o São Paulo no Morumbi. Ele foi socorrido imediatamente, mas não resistiu. Seu caso é um dos mais conhecidos no Brasil e levantou a discussão sobre a cardiomiopatia hipertrófica entre atletas.

5. Iker Casillas

O goleiro espanhol Iker Casillas sofreu um infarto em 2019 enquanto defendia o Porto. Após passar por um cateterismo, Casillas anunciou sua aposentadoria em 2020. Sua condição foi um choque para os fãs e um lembrete dos riscos que podem enfrentar até os atletas mais experientes.

6. Marc-Vivien Foé

Em 2003, o meio-campista camaronês Marc-Vivien Foé faleceu durante uma partida pela Copa das Confederações. Foé, de apenas 28 anos, sofreu uma parada cardíaca em campo. A investigação posterior revelou que ele tinha cardiomiopatia hipertrófica, uma condição que também afetou outros jogadores.

7. Sergio Agüero

O atacante argentino Sergio Agüero, ex-Manchester City e Barcelona, foi diagnosticado com arritmia cardíaca após sentir um desconforto durante uma partida em 2021. O problema forçou sua aposentadoria precoce aos 33 anos, marcando o fim de uma carreira brilhante.

8. Miklós Fehér

O húngaro Miklós Fehér, que jogava pelo Benfica, faleceu em campo em 2004 após sofrer uma parada cardíaca durante uma partida do Campeonato Português. Fehér tinha apenas 24 anos, e o evento levantou preocupações sobre a saúde cardíaca de jovens atletas.

9. Everton Costa

O atacante Everton Costa, conhecido por suas passagens pelo Vasco e Santos, enfrentou arritmia cardíaca em 2014 durante um jogo. Apesar da tentativa de voltar ao futebol após a colocação de um desfibrilador, Everton se aposentou cedo devido à sua condição.

10. Adilson

O volante Adilson, ex-Grêmio e Atlético-MG, foi diagnosticado com cardiomiopatia hipertrófica em 2019. O diagnóstico forçou sua aposentadoria precoce, aos 32 anos. Adilson é um dos muitos atletas que enfrentaram essa condição potencialmente fatal.

11. Fabrice Muamba

O inglês Fabrice Muamba sofreu um ataque cardíaco em 2012 durante uma partida pelo Bolton. Muamba teve o coração parado por 78 minutos antes de ser reanimado, um episódio que foi amplamente divulgado e demonstrou a gravidade dos problemas cardíacos em atletas.

12. Doni

O ex-goleiro Doni, que jogou pelo Liverpool, teve uma parada cardíaca em 2012. O caso foi notável não apenas pela gravidade do episódio, mas também pela decisão de Doni de se aposentar precocemente devido a problemas cardíacos persistentes.

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