Atacante que fez gol no Vitória é indiciado pela Polícia Federal por envolvimento com apostas
O atacante é ídolo flamenguista
Foto: Gilvan de Souza/Flamengo
A Polícia Federal (PF) indiciou o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, por estelionato e manipulação de competição esportiva, na última segunda-feira (14), em um caso que também envolve outras dez pessoas, incluindo familiares e apostadores. A investigação, iniciada em agosto de 2024, aponta que o jogador de 34 anos forçou um cartão amarelo na partida contra o Santos, pela 31ª rodada do Brasileirão de 2023, em 1º de novembro, para beneficiar apostadores. O caso, revelado pelo site Metrópoles e confirmado posteriormente, ganhou repercussão após a análise de mensagens comprometedoras encontradas no celular do irmão do atleta, Wander Nunes Pinto Júnior.
As suspeitas surgiram após a International Betting Integrity Association (IBIA) e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) identificarem um volume atípico de apostas no cartão amarelo de Bruno Henrique, com 95% a 98% das apostas em três casas direcionadas ao jogador. Na partida, disputada no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, ele recebeu o amarelo aos 50 minutos do segundo tempo por uma falta em Soteldo e, logo após, foi expulso por ofensas ao árbitro Rafael Klein. Mensagens entre Bruno Henrique e Wander, datadas de 29 de agosto de 2023, mostram o irmão perguntando se ele estava “pendurado” com dois cartões, ao que o jogador respondeu: “Contra o Santos. [...] Só se eu entrar forte em alguém”. Para a PF, isso indica planejamento para manipular o resultado.
Além de Bruno Henrique e Wander, foram indiciados a esposa de Wander, Ludymilla Araújo Lima, a prima do jogador, Poliana Ester Nunes Cardoso, e um grupo de amigos próximos ao irmão, todos suspeitos de realizar apostas com base em informações privilegiadas. A PF analisou 3.989 conversas no WhatsApp do atacante, muitas vazias ou apagadas, sugerindo tentativa de ocultar evidências. A operação Spot-Fixing, deflagrada em novembro de 2024, cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, incluindo no Ninho do Urubu e na casa do jogador na Barra da Tijuca. Os indiciados podem responder por fraude em competição esportiva (Lei Geral do Esporte, pena de 2 a 6 anos) e estelionato (1 a 5 anos).
O Flamengo, em nota, afirmou que mantém o suporte a Bruno Henrique, que goza de presunção de inocência, e destacou que uma investigação anterior do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) foi arquivada. O jogador, que não foi afastado, está relacionado para o jogo contra o Juventude, nesta quarta-feira (16), pelo Brasileirão. A assessoria do atleta optou por não comentar.