É 'Um Filme Minecraft', mas é 'Um Filme Bom'?
Obra estreou nesta quinta-feira (3) nos cinemas do Brasil
Foto: Divulgação/Warner
Antes de começar, eu gostaria de fazer um trato com você, leitor. Seja qual for o seu tipo para este filme em questão. Aos fãs que esperaram anos por uma adaptação cinematográfica do game que tanto amamos, vocês terão seu lado contemplado por mim, jogador e entusiasta de Minecraft. Agora você, que nunca jogou ou se deu o trabalho de conhecer a obra e vai assistir o filme, seja pelo hype ou pelos atores envolvidos, também terá uma seção exclusiva neste texto. Se você for hater do jogo, por quê está aqui? Sem mais delongas, peguem suas picaretas, arrumem seus inventários e vamos embarcar neste mundo quadrado
Quero começar conversando com os fãs, aqueles que realmente fazem o jogo acontecer. Assistam. O filme está lindo, o fan service é escarrado na nossa cara, os mobs estão muito fofinhos (ou assustadores) e grande parte da obra está fiel com o universo de Minecraft. Claro que não está 100%, pois é necessária uma trama para acontecer o filme, caso contrário era só botar para rodar uma gameplay qualquer. Todavia, meu lado fã saiu satisfeito e empolgado com uma possível continuação. Alguns tópicos relevantes do jogo (como 'O Fim', o 'Herobrine' e os 'mods') não foram citados e podem aparecer em obras futuras.
Agora, para os cinéfilos, não é tão atrativo assim. O roteiro é genérico, as piadas são repetitivas e o besteirol pode incomodar os mais cultos. Por ser um filme que retrata um game e tem Jack Black como ator principal, você pode esperar por duas coisas: Referências só para os fãs e músicas "engraçadas" do mais absoluto nada. Embora Jack, ou melhor, Steve, seja o personagem principal que conta como funciona o universo do filme, a trama acompanha Henry (Sebastian Hansen) e Natalie (Emma Myers), dois irmãos que se mudaram para uma cidade nova após a perda da mãe. Com o tempo, são apresentados Garrett "The Garbage Man" Garrison (Jason Momoa) - ex-campeão de um game arcade nos anos 80 e nada mais além disso - e Dawn (Danielle Brooks) - uma corretora de imóveis da cidade que os irmãos foram morar. Até que, depois de muita conveniência do roteiro, os quatro são transportados para o mundo mágico de Minecraft.
Mas o momento alto do filme são as referências ao jogo, que causam nostalgia naqueles que, assim como Steve, eram sonhadores e criativos, mas o mundo real, que prefiro chamar de exterior, tiveram seus talentos e dotes reprimidos pela rotina desgastante do dia-a-dia. A obra pega bem lá no fundo, na sua criança interior que adorava consumir o game, seja por jogá-lo ou então assistir os youtubers da época. O roteiro, por si só, não se salva. Previsível em momentos chave, piadas batidas e falta de ousadia são alguns tópicos relevantes.
O besteirol, embora exacerbado, não chegou a incomodar. O filme veio com a classificação indicativa de 10 anos, só não sendo livre porque havia, entre muitas aspas, violência. Logo, não é um mistério que a Warner quer atingir um público infantil, seja para novos longas ou então um grande trunfo que a obra pode gerar: Produtos oficiais e merchandising.
E aqui eu tiro meu chapéu para a Warner. A maioria dos itens transportados para o 3D do filme estão lindos. Note que eu disse 'maioria', tem coisas ali que são escabrosas (armaduras, por exemplo) e não valem um produto oficial. Se a bilheteria for boa - o que imagino que será - podem se preparar para sequências, ou até uma franquia... não sei.
Em suma, assista se você for fã ou então quer uma comédia bem pastelão para assistir ao lado de seu filho. Mas vá de mente aberta, sem opiniões maldosas acerca do jogo circundando sua cabeça. Eu garanto que sairás da sala com pelo menos duas gargalhadas.
Nota final? Para fãs, uma espada de ferro encantada com Afiação III e Aspecto Flamejante II. Para cinéfilos, dois e meio de cinco.