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Figurinhas da Copa do Mundo estimulam interação entre pequenos colecionadores

Figurinhas da Copa do Mundo estimulam interação entre pequenos colecionadores

A reportagem do Varela Net conversou com crianças que entraram na febre do álbum; os pais também estão cada vez mais envolvidos na experiência

| Autor: João Grassi*

Foto: Domingos Júnior/Varela Net

Febre no Brasil desde 1970, ano do tri, o álbum de figurinhas da Copa do Mundo continua fazendo sucesso. Às vésperas do início do Mundial 2022, que será realizado no Catar, a reportagem do Varela Net conversou com pequenos colecionadores e seus pais sobre a experiência que passaram a partilhar com a garotada. Na esteira do envolvimento cada vez mais intenso dos adolescentes com o universo digital, o álbum também ganhou popularidade entre as crianças.

Vindo de Senhor do Bonfim e com sonhos de se tornar jogador de futrbol profissional, Lucas Lima, de 7 anos, disse ainda ter muitas páginas incompletas em seu álbum, mas tem conseguido trocar muitas figurinhas enquanto passa uns dias em Salvador.

"Está sendo fácil, eu vim várias vezes no shopping. A figurinha mais difícil de achar é a do Neymar. Meu pai está me ajudando muito a completar o álbum, mas ainda falta muito. Eu só completei três times até agora", disse Lucas.

O analista de sistemas Leandro Souza, de 35 anos, é pai de Lucas e tem ajudado muito o garoto a completar sua coleção. Ele tem acompanhado seu filho em pontos de troca, experiência que considera positiva para as crianças.

"Existem vários pontos de troca. Aqui [Salvador Shopping] é muito bom que já vende figurinha e às vezes os pais vão comprar alguma coisa nas lojas e ter esse ponto de troca é bom. Os meninos se divertem e conversam com os colegas, fazem novas amizades, como o meu filho fez agora. É muito importante, não só esses pontos, como outros, em bairros, escolas, em tudo. Porque desenvolve muito isso na criança, a cognição. Eu acho muito legal isso, a questão da troca, principalmente os meninos mais novos que não tem tanta comunicação", disse Leandro.

A "mania" pelas disputadas figurinhas é vista por pesquisadores como uma importante forma de socialização, tanto para crianças quanto para adultos.

Ao Varela Net, a psicóloga Niérica Gonçalves chamou a atenção para a importância dessas interações, inclusive com a presença dos responsáveis.

"Todo ser humano precisa pertencer a um grupo. Quando crianças e adolescentes, o primeiro grupo que a gente tem contato é a nossa família. Depois a nossa escola, igreja etc. Aprendemos, a partir daí, como essas relações vão se dar e se elas vão ser funcionais ou não", assinala.

"Quando crianças e adolescentes se reúnem pra fazer trocas ou colagens de figurinhas, elas estão encontrando um grupo no qual elas podem pertencer, e elas se identificam. São pessoas que estão reunidas e se identificam com essa troca, tem algo em comum. 'Eu posso interagir, eu tenho algo para acrescentar nesse meio' ", explicou a psicóloga.

De acordo com a profissional, é imprescindível ainda que tais relações e interações sociais possam ser validadas por esses responsáveis —adultos— que acompanham crianças e adolescentes.

"Desta forma, eles vão se sentir aceitos. Eu tenho percebido que muitos adultos tem entrado na onda desses filhos, desses sobrinhos. Eles têm topado essa ideia, e isso é muito legal porque acaba animando muito mais a criança e o adolescente. Se torna algo gostoso de ser compartilhado. Algo difícil de abgente ver, porque normalmente os adultos estão sempre ocupados e preocupados em partes financeiras. Acabam esquecendo esses pequenos detalhes, que é a presença. Tudo isso é muito positivo para o crescimento dessas crianças e adolescentes", reiterou Niérica.

Juntos e misturados

O pequeno Arthur Nassif, de apenas 2 anos, também aderiu à tendência das figurinhas da Copa e tem sido muito acompanhado por sua mãe, Julia Froes. Dedicada, a advogada de 41 anos conta que já foi em alguns pontos de troca com seu filho.

"Já fui no Salvador Shopping, Shopping da Bahia na semana passada. Fui na escola também, porque lá eles estão promovendo as trocas também e está ajudando bastante. Agora, tem realmente muita demanda. Não vamos conseguir completar o álbum até o início da Copa. Estamos com cerca de 60% dele completos. Agora temos que correr atrás para trocar as figurinhas", pontuou Julia.

Já Miguel Simões, de 11 anos, adora futebol e é fanático pelo álbum da Copa do Mundo. A mãe dele, Maisa Mota, de 41 anos, contou que a coleção tem ajudado seu filho a aprender até mesmo sobre assuntos para além dos gramados. A contadora afirma que Miguel passou a dividir a experiência com o auxílio do irmão mais novo, Bernardo, de 7 anos.

"Ele é bem organizado, separa [as figurinhas] por sigla dos países e numeração, lista tudo que falta. Ele também separa as repetidas e troca com os colegas da escola principalmente. Todos os dois [Miguel e Bernardo] aprenderam bastante sobre o Mundial, os países em geral, e passaram a olhar o globo de uma maneira diferente. Se questionam sobre a quantidade de países no mundo, a quantidade de pessoas, quantidade de times", avaliou Maisa.

Empolgado com o hobbie, Miguel optou por não só colecionar o álbum físico, como também a versão online. Disponível para Android, iOS e navegador de internet, o álbum virtual permite que o colecionador abra pacotes de figurinhas, cole-as no álbum e faça trocas com pessoas de todo mundo. Ainda é possível escanear produtos oficiais da Copa, que dão pacotes e conquistas especiais, e utilizar códigos encontrados em figurinhas do álbum físico para conseguir novos cromos.

"Eu coleciono o álbum da Copa físico e virtual. Achei bem legal colecionar esse álbum, pois, com as figurinhas lendárias, fico mais animado em procurar figurinhas raras. Já o virtual achei bem mais fácil colecionar, porque, se você escanear o álbum físico, o usuário recebe o direito de ganhar dois pacotes virtuais todo dia, de graça", detalhou.

Os cromos "lendários" aos quais ele se refere são 80 figurinhas extras, inseridas de modo aleatório nos pacotinhos comuns como itens de colecionado. A Panini diz que elas não são necessárias para completar o álbum. As figurinhas, no entanto, se destacam das demais, pois apresentam uma imagem em movimento. Vinte jogadores foram selecionados, entre craques e jovens promessas do futebol mundial, e cada um é representado em diferentes variações de cores. Os pacotes especiais que tiverem estes cromos virão com seis figurinhas (as cinco regulares para completar o álbum e a especial).

De acordo com a Panini, uma pesquisa realizada em 2018 apontou o Brasil como líder no número de consumo de figurinhas. Segundo o estudo, durante a Copa da Rússia, o consumo no país representou duas vezes o montante da compra da Alemanha, a segunda colocada.

Sob supervisão do editor Alexandre Santos*

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