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Buscas por medicações para saúde mental cresce 30% em Salvador

Buscas por medicações para saúde mental cresce 30% em Salvador

Prefeitura não atribui integralmente o crescimento à crise causada pela Covid-19; especialistas, no entanto, defendem que a pandemia teve impacto fundamental para o aumento

| Autor: Redação

Foto: Reprodução/Pexels

O consumo por medicamentos de uso controlado classificados como tarja preta ou tarja vermelha têm se itensificado entre os soterapolitanos. Pelo menos, é o que aponta um levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) a pedido do Metro1. De acordo com a pasta, o número de remédios desse tipo dispensados pelo município teve, em 2022, um crescimento de 28% quando comparado ao ano de 2018.

Só no ano passado, foram distribuídos pela gestão municipal mais de 28 milhões de unidades. Entre os dez medicamentos mais dispensados, estão a Fluxetina, o Diazepam, e Clonazepam (mais conhecido como Rivotril).

De acordo com o último grande mapeamento global de transtornos mentais, realizado pela OMS, o Brasil possui a população com a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo.

Para se ter uma ideia, aproximadamente 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade patológica. Em seguida, aparece o Paraguai (7,6%), Noruega (7,4%), Nova Zelândia (7,3%) e Austrália (7%).
Como a tendência de crescimento acontece desde 2018, antes da chegada da Covid-19 ao Brasil, a SMS não relaciona o aumento à pandemia. Especialistas, no entanto, são unânimes: o cenário de restrições e ansiedade causado pelo momento foi determinante para o uso desse tipo de medicamento. Psiquiatra e diretor-geral do Hospital Juliano Moreira, Antônio Freire defende que as consequências sociais e financeiras do coronavírus prejudicaram os fatores de proteção da saúde mental. 

“Tivemos casos novos e o agravamento daqueles que já existiam. Grandes momentos de crise levam a grandes fragilidades. Não tem como negar esse impacto da pandemia. Não vejo outra justificativa para esse aumento, que aconteceu não só na saúde mental”, afirma o especialista. 

De acordo com Freire, no Hospital Juliano Moreira, referência em saúde mental na Bahia, houve, desde a pandemia, um aumento de 30% tanto no número de atendimentos emergenciais quanto nas internações. 

Por outro lado, a farmacêutica e conselheira do Conselho Regional de Farmácia da Bahia (CRF-BA), Luciane Manganelli, também relaciona o crescimento do uso desses medicamentos a uma onda de ansiedade no país. A especialista lembra que o Brasil foi considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o mais ansioso do mundo e um dos líderes em casos de depressão. A farmacêutica não tem dúvidas de que os médicos estão prescrevendo mais esse tipo de remédio, mas, de acordo com ela, outro fator, que pode inclusive apontar para números ainda maiores, é a automedicação. 
Segundo estudos realizados pelo Concelho Federal de Fármacia (CFF), quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês, e um quarto (25%) o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana. A pesquisa também detectou que muitas pessoas usam remédios prescritos pelo médico, mas não de acordo com as recomendações, alterando a dose receitada. Esse comportamento foi relatado pela maioria dos entrevistados (57%), especialmente homens (60%) e jovens de 16 a 24 anos (69%).

Os chamados tarja vermelha são medicamentos que causam efeito no sistema nervoso central do paciente. Já os tarja preta, além disso, podem ocasionar dependência física e psíquica.

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