Arma de adolescente que matou jovem em escola é do pai e falhou algumas vezes
Polícia apura se atentado tem relação com casos em outros estados e vai fazer reconstituição
Foto: Reprodução
O ataque à escola em Barreiras, no oeste da Bahia, que terminou com uma estudante cadeirante morta, poderia ter terminado com uma tragédia ainda maior. Segundo o delegado Rivaldo Luz, a arma do estudante de 14 anos, que cometeu o crime, é do pai dele e falhou durante os disparous. Além disso, o adolescente não iniciou o ataque de forma rápida, o que permitiu que os alunos corressem mais livremente.
"Houve uma certa imperícia dele. O revólver falhou em alguns momentos. Quando ele começou a atirar logo na entrada do colégio, as pessoas começaram a correr. Tinha muitas crianças que ainda estavam chegando, então quando perceberam nem entraram. Ele não teve condição. Uma arma também só tinha seis balas, ele teria que recarregar, ele tinha material para recarregar, mas não teve tempo para executar mais pessoas", disse o delegado em entrevista à TV Bahia.
Contudo, a aluna Geane da Silva de Brito, 19 anos, foi atingida e morreu no local. "Eu acredito que a cadeirante estava no lugar errado, na hora errada. Quando ele começou a atirar, as pessoas começaram a correr. Infelizmente, ela foi uma presa fácil para o assassino", avaliou o delegado.
O revólver usado pelo atirador é do pai, um subtenente aposentado do Distrito Federal. O pai já prestou depoimento e contou que guardava a arma em casa, mas não sabe como o filho conseguiu ter acesso. Ele também alegou que apesar de um comportamento relativamente antissocial, o filho não tinha problemas e não sabe o que teria motivado o ataque.
"Ele disse que o filho era introspectivo, calado, tinha poucas amizades. Mas era um bom menino. Tirava boas notas, embora relatasse que ele faltava muito às aulas e tinha dificuldade de fazer amizades. Cuidava inclusive de um tio que era cadeirante", explicou o delegado.
Por ser dono da arma, o pai pode responder também, diz o delegado. "O dever de cautela do portador da arma, o que tem autorização legal. A situação de cuidado da criança, vamos avaliar isso com bastante calma".
O atirador também estava com um explosivo caseiro que não foi usado. Equipes do COE e do Exército desmontaram o explosivo ainda na segunda-feira (26). "Ele tinha mais munições, mais instrumentos cortantes, poderia fazer um estrago bem maior".
Ataque planejado
Segundo a investigação, o estudante de 14 anos já planejava o atentado há algum tempo. Nas redes sociais, ele falava que estava há três anos se preparando.
"Ele é um aluno introspectivo, que conversava pouco, gostava de usar roupas pretas e fazer comentários racistas nas suas escritas. Entendemos que ele programou isso, chegou às 5h, se preparou para entrar no colégio, já entrou atirando. Ele não tinha um alvo fixo, tentou acertar o maior número de pessoas possíveis. Infelizmente, a vítima era deficiente física, cadeirante, então não teve condição de reagir", detalhou Rivaldo Luz.
Agora, a polícia investiga se o ataque na escola de Barreiras tem relação com outros casos. Nas redes sociais, o atirador fala de um crime similar que foi frustrado em Vitória (ES). O delegado Rivaldo revelou que contato com autoridades de outros estados, porque há indícios de relação com outras situações do tipo.
"Estamos investigando para conseguir entender os motivos, a forma, se alguém financiou, incentivou de alguma forma, e participou desse atentado", afirma. "Essa investigação ainda está bem embrionária, mas a gente tem indício sim da participação dele em outros estados".
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