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Vida com João Donato foi de muito amor, revela viúva do artista

Vida com João Donato foi de muito amor, revela viúva do artista

Dois últimos meses foram difíceis por causa de complicações da doença

| Autor: Agência Brasil

Foto: Reprodução/Tânia Rêgo/Agência Brasil

A jornalista e gestora cultural Ivone Belém, mulher do compositor João Donato, disse que os últimos dois meses que eles passaram juntos foram muito difíceis por causa das complicações de saúde do artista, que morreu na madrugada de segunda-feira (17) por infecção pulmonar.

A convivência desde 1999 era bem próxima e carinhosa, como o próprio Donato chegou a demonstrar no Instagram, postando uma foto em que os dois se beijam. “Desde 1999, minha namorada, dona Castorina, por causa dos nossos passeios pela Floresta da Tijuca”, postou o multi-instrumentista fazendo referência à Estrada Dona Castorina, no Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro.

“O João é paz. O João é muito carinho e muito amor por qualquer um, e todo mundo é qualquer um. Ao longo do nosso relacionamento, eu vi que o mesmo amor que ele dedicava a mim, ele dedicava a todo ser humano que encontrasse e visse, então, ele sempre emanava esse amor”, revelou Ivone em entrevista à Agência Brasil.

Para Ivone, todo esse amor marcou também o trabalho desenvolvido por Donato em sua extensa carreira. “Isso estava muito presente na obra dele, que é eterna. Estou fazendo mestrado e fazendo um estudo da obra dele. E o João é um dinossauro, mesmo no sentido de que ele está aqui, desde o primeiro suporte de gravação, até aqui. Ele esteve presente em todas as fases da música brasileira. Ele renovou quando foi precursor da bossa-nova e agora ele chega com toda essa juventude”, afirmou.

“A gente tem o João presente em todo mundo que se falar: Fafá Belém, Emílio Santiago, Gilberto Gil, Emicida, Tulipa Ruiz. O João encantou todo mundo com as melodias dele. Às vezes, ele só ia e botava o piano. Muito recentemente, o pessoal estava querendo ouvir a voz dele. João é um inesquecível”, enfatizou.

Encanto
Ivone lembrou que o primeiro encontro dos dois também foi especial: ela na plateia e ele no palco. Os olhares se cruzaram, e os dois não se largaram mais. Ivone confessou que, inicialmente, nem ia ao show no Restaurante Carpe Diem, em Brasília. “Não que eu não admirasse o João, mas eu estava em uma reunião de trabalho”, disse ela, que, na época, tinha uma assessoria de comunicação e havia marcado uma confraternização de fim de ano com clientes no Restaurante Capitu. Como a reserva caiu, acabou seguindo a sugestão da também jornalista e amiga Liliana Lavoratti e foi para o show.

A mesa em que se sentou, indicada pelo produtor da apresentação, era bem ao lado do palco. “Ele me arrumou uma mesa do lado, e o João ficava se virando e, de brincadeira, falei: ‘já que é fim de ano e estou aqui, vamos beber um vinho e vamos brincar'. Ele grudou e nunca mais desgrudou. Maravilhoso. João é uma criança. Quando eu o apresentei à minha mãe, ela disse:‘ ele é mais velho que eu, minha filha’. E eu disse: ‘que nada, mamãe. João não é mais velho que você’. João é uma criança e continua”, revelou.

Crianças
A identificação dele com crianças era constante. Segundo Ivone, quando estavam em viagem, e mesmo com pessoas de diferentes idiomas, João sempre se aproximava dos pequenos. Um deles foi Cosmo, o filho do produtor musical Kassin, que, em um vídeo, na época ainda menino, pergunta se o Donato era dele. “Eu queria que o Donato fosse meu”, afirma Cosmo no vídeo.

“O João foi a única pessoa convidada para o aniversário dele, que agora já está mocinho. Então, é uma pessoa que a gente só tem que trazer com essa alegria. Não tem como chorar. Eu já chorei, mas agora foi isso. Essa festa”, disse Ivone no velório do marido, hoje no Theatro Municipal.

Na cerimônia, integrantes da Orquestra Sinfônica do Municipal homenagearam o compositor tocando o Segundo movimento da Eine Kleine Nachtmusik e Ave Verum, de Mozart, e parcerias do próprio João Donato, como A Rã, Lugar Comum e A Paz.

Mais para a parte final do velório, Ivone, amigos e fãs cercaram o caixão e começaram a cantar várias composições de Donato, entre elas Emoriô e Nasci para Bailar. Todas terminavam com muitos aplausos, em uma manifestação alegre, como era o artista.

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