Famílias de condenados pelo 8 de janeiro cogitam fazer greve de fome pedindo anistia
O movimento tem apoio de parlarmentares bolsonaristas
Foto: Joedson Alves/Agencia Brasil
Familiares de condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 estão articulando uma greve de fome no Congresso Nacional, inspirados na estratégia apelidada de “solução Glauber Braga”, para pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar com urgência o Projeto de Lei (PL) da Anistia. A iniciativa ainda conta com apoio de parlamentares bolsonaristas e pretende garantir a votação do PL que concede perdão aos envolvidos no ataque às sedes dos Três Poderes, que participaram assim, da tentativa de golpe de Estado. A proposta ganhou força após Motta ceder à greve de fome de oito dias do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que na quinta-feira (17) obteve a suspensão por 60 dias da análise de sua cassação no plenário.
A ideia da greve de fome surgiu após o sucesso de Braga, que protestou contra a recomendação de cassação por agredir um militante do MBL em 2024, acusado de quebra de decoro. O PL da Anistia, de autoria do ex-deputado Major Vitor Hugo (PL-GO), é defendido por 201 deputados, segundo o Placar da Anistia do Estadão, mas está a 56 votos da maioria absoluta necessária para votação. O projeto, que tramita desde 2022, prevê a extinção de penas para crimes como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e pode beneficiar até o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por suposta trama golpista, conforme juristas ouvidos pela BBC News Brasil. A oposição, liderada pelo PL, protocolou na segunda-feira (14) um requerimento de urgência com 264 assinaturas, mas duas foram invalidadas, e o governo Lula (PT) articula a retirada de apoios, segundo o Poder360.
A resistência à anistia é significativa. Uma pesquisa Datafolha de abril de 2025 revelou que 56% dos brasileiros são contra o perdão aos condenados, enquanto 37% são favoráveis. O Supremo Tribunal Federal (STF), que condenou 371 pessoas com penas de até 17 anos, e o governo Lula, com o PT liderando a oposição ao projeto, veem a proposta como um risco à democracia. Hugo Motta, pressionado por bolsonaristas como o pastor Silas Malafaia, que o chamou de “vergonha da Paraíba”, busca uma solução negociada, dialogando com Lula, ministros do STF como Alexandre de Moraes, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para discutir revisão de penas, segundo a Folha de S.Paulo. Motta afirmou que levará o tema ao colégio de líderes em 24 de abril, evitando decidir sozinho, conforme o ICL Notícias