Entenda os principais impactos da crise econômica gerada pelas enchentes no RS
Economista Antonio Carvalho apresentou sua visão sobre o caso.
Foto: DIÁRIO DO COMÉRCIO / Rodrigo Moinhos
O plano do governo de subsidiar a importação de arroz é uma resposta direta às inundações que afetaram a produção e logística no Rio Grande do Sul. Importar uma grande quantidade do cereal pode ajudar a estabilizar os preços e garantir que o consumidor final não sofra com aumentos bruscos. O objetivo é manter o preço máximo de R$ 20 por saco de 5kg.
As recentes enchentes no Rio Grande do Sul, além de ceifar vidas, patrimônios e histórias familiares, gerarão impactos negativos para a economia brasileira, afetando gravemente a produção e o abastecimento de arroz no mercado nacional. A tragédia não só causou perdas humanas e materiais, mas também ameaça a economia brasileira, com projeções iniciais indicando uma contração de 2% no PIB do estado nos próximos 12 meses. A destruição de infraestruturas produtivas como máquinas e equipamentos complica ainda mais a recuperação.
Em resposta, o governo estadual está priorizando o apoio às famílias desabrigadas e à reconstrução das infraestruturas essenciais, como casas, escolas e hospitais. Além disso, medidas estão sendo tomadas para recuperar a produção agrícola, incluindo subsídios para a aquisição de novas máquinas e insumos, e a busca por novas áreas de cultivo. A reconstrução das estradas e pontes, vitais para o escoamento da produção, também é uma prioridade.
Em entrevista exclusiva para o Varela Net, o economista Antonio Carvalho falou sobre a situação.
Para Antonio, o foco é apoiar a sobrevivência e o abrigo das pessoas desabrigadas e/ou desalojadas, financiar e subsidiar a recuperação das estruturas das famílias. Ele ainda acrescentou que "O Estado precisará apoiar as famílias produtoras a identificarem novas áreas para recomeçarem suas atividades produtivas e apoiar na reconstrução das estruturas produtivas, incluindo o subsídio para construção de estruturas e aquisição de máquinas, implementos e insumos."
O que mais pode ser afetado?
Além do arroz, alguns outros produtos também sofreram com as enchentes, o que pode acarretar na elevação dos preços de produtos derivados e insumos para a produção de proteína animal. Segundo Antonio: "A soja e as frutas como uva e morango também foram fortemente afetadas pelas enchentes, o que pode trazer prejuízos à economia em duas dimensões: a direta, com a redução da oferta de produtos para o consumo das famílias; e a indireta, a exemplo da produção de proteína animal, gerada pelo aumento dos custos de produção com a redução da oferta de ração animal que têm o milho e a soja como insumos base da produção, além da produção de bebidas como vinhos e espumantes produzidos a partir das lavouras de uvas."
O que podemos esperar para o futuro?
"A capacidade produtiva do estado demandará meses, talvez anos para ser recuperada ao nível próximo da anterior à catástrofe, assim, o Governo Brasileiro deve adotar um planejamento de médio/longo prazo para adotar medidas com foco nos aspectos humanos, técnicos e econômicos para a retomada da qualidade de vida das pessoas, a garantia do abastecimento como “priorização absoluta do produto brasileiro”, a reconstrução estrutural e econômica da região, distanciando-se de quaisquer conotações, diferenças, disputas ou oportunismos políticos. Além disso, por parte do Governo Federal, será inevitável o direcionamento de investimentos para o Rio Grande do Sul para reconstrução do Estado e a consequente redução da capacidade de investimentos nas demais unidades da federação", afirmou Antonio Carvalho.
O economista ainda comentou sobre as possíveis ações que a Bahia pode tomar para diminuir os impactos para a população local. "A Bahia deverá adotar duas medidas principais: a primeira é a priorização dos investimentos públicos para áreas que, efetivamente, contribuam com o crescimento econômico do Estado, considerando a perspectiva de redução dos investimentos federais; a segunda é a priorização da agropecuária do estado, incluindo a agricultura familiar, tanto para minimizar qualquer nível de dependência do mercado baiano dos produtos do Rio Grande do Sul, quanto para fortalecer e incentivar os produtores baianos a minimizar a possível elevação de preços dos produtos agrícolas."