Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral; saiba mais
Entenda as causas e formas de prevenção
Foto: Freepik/Redes sociais
Nesta terça-feira (29) é celebrado o Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral (AVC). A data tem como objetivo conscientizar a população sobre os Acidentes Vasculares Cerebrais, suas consequências e a importância da prevenção e identificação precoce.
De acordo com os dados do Portal da Transparência do Centro de Registro Civil (CRC) do Brasil, divulgado pela Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, o número de mortes por AVC cresceu no Brasil e ultrapassa o infarto. Até agosto de 2024, morreram 50.133 pessoas por AVC no país.
O Acidente Vascular Cerebral ocorre quando o fluxo sanguíneo para o cérebro é interrompido. “Pode acontecer tanto a interrupção desse sangue que chega no cérebro em algum vaso que deixa de irrigar determinada região do cérebro, que seria o AVC isquêmico, ou o outro tipo que é o AVC hemorrágico, que é quando algum desses vasos podem se romper causando hemorragia”, explicou a médica neurologista Camila Orrico.
Médica Neurologista Camila Orrico
Como explicado pela neurologista, o AVC hemorrágico ocorre quando há o rompimento do vaso cerebral, provocando a hemorragia. Este é responsável por 15% dos casos, mas causa mais mortes do que o AVC isquêmico. Já o AVC isquêmico ocorre quando uma artéria é obstruída impedindo a passagem de oxigênio para as células cerebrais, este representa 85% dos casos.
A médica explica ainda que o AVC é multifatorial. “Então, a gente tem desde a pré-disposição genética, que vai aumentar o risco de AVC, a outros fatores de risco que são modificáveis. Por exemplo, hipertensão e diabete mal controladas aumentam risco de AVC, o colesterol elevado aumenta risco de AVC, tabagismo também, sedentarismo, entre outros fatores”, disse Camila.
Os sintomas de um AVC podem variar e aparecem geralmente de forma súbita. “Os sintomas e sinais mais comuns são fraquezas ou formigamento em algum lado do corpo. Então, o paciente não consegue andar, ele não consegue elevar os dois braços, a fala fica muito embolada, a boca desvia para um lado mais do que o outro”, alertou a neurologista. Perceber esses sinais rapidamente e prestar o devido socorro é essencial para o paciente e aumenta as chances de sobrevivência e redução de possíveis sequelas.
É importante estar atento também aos fatores de risco que podem acabar causando o AVC, incluindo o estresse que quando associado aos outros fatores, pode ser um importante contribuinte. “O estresse contribui, mas ele sozinho, sem todos os outros fatores de risco, não é o único responsável por AVC. Então a prevenção do AVC, ela é feita todos os dias, principalmente com relação a hábitos de vida”, afirmou Orrico.
Outro fator necessário ser observado é o histórico familiar. “O histórico familiar contribui naquele fator de risco pela predisposição genética e também com relação às comorbidades. Então, se a gente está falando de um paciente que vem de uma família com uma alta incidência de doenças cardíacas, de doença cérebro vascular, de AVC, significa que já tem ali uma predisposição. Então, o cuidado deveria ser redobrado”, explanou a médica.
O diagnóstico do AVC é feito através de exames de imagem que identificam a área do cérebro afetada e também o tipo do derrame cerebral. A tomografia computadorizada é o método de imagem mais utilizado para a avaliação. Quando o paciente chega ao hospital em estado emergencial, os primeiros cuidados são: verificar os sinais vitais (pressão arterial e temperatura), checar a glicemia, colocar acesso venoso no braço não paralisado, entre outros cuidados.
O tratamento do AVC é realizado nos estabelecimentos hospitalares de referência para o atendimento aos pacientes com AVC. “Esse AVC ele pode deixar sequela ou não. E aí essa sequela, inicialmente, ela é muito mais evidente e, ao longo do tempo, com fisioterapia, com acompanhamento com fonoaudiologia, com reabilitação, isso acaba melhorando. Então, a gente nunca pode ter garantia de que vai ficar sem sequela nenhuma, que vai resolver 100%, isso não dá para saber, mas é importante lembrar que é um trabalho persistente e contínuo. ”, frisou a neurologista.
“Pensando em reabilitação, além das intervenções com fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, existe, por exemplo, se o paciente ficar com espasticidade, que é um membro mais rígido por conta da AVC, e isso acaba limitando a fisioterapia, porque causa dor, traz outras consequências. Hoje em dia, a gente já tem também a aplicação de toxina botulínica para essa espasticidade. Então alivia bastante os sintomas, alivia a dor e permite a esse paciente fazer a reabilitação de forma mais adequada, para ter uma boa evolução, uma boa resposta”, complementou.
Como já mencionado pela Drª Camila Orrico, muitos fatores contribuem para o AVC, como fatores genéticos ou doenças crônicas. Mas existem fatores que podem ser controlados por cada um individualmente a fim de prevenir a doença, como, por exemplo: não consumir álcool, manter o peso ideal, beber bastante água, praticar atividade física, manter alimentação saudável e não fumar.