NotíciasSaúdeCovid-19: "Existem relatos de disfunção erétil", diz médico sobre sequelas

Covid-19: "Existem relatos de disfunção erétil", diz médico sobre sequelas

Infectologista tira as dúvidas sobre os danos deixados pelo novo coronavírus; Conheça as sequelas que a doença pode deixar

| Autor: Cássio Moreira*

Foto: Ilustração

Dois anos depois do início da pandemia da Covid-19 (novo coronavírus), uma outra preocupação passa a rondar a população: as sequelas deixadas pela doença. Com muitas dúvidas abertas e poucos estudos profundos sobre os danos que podem ser deixados, surgem os relatos dos pacientes, principalmente relacionados ao sistema neurológico.

Em entrevista ao Varela Net, o infectologista dr. Adriano Oliveira afirmou que dores de cabeça, ansiedade e até mesmo problemas de memória são frequentemente alvo de queixas por parte dos pacientes. Antes disso, ele explica quais são as sequelas mais comuns e quem corre maiores riscos. 

“As sequelas pós-Covid, conhecida por síndrome pós-Covid, Covid longa [...] São sintomas que persistem depois que a Covid vai embora. Segundo vários estudos feitos na Inglaterra, os sintomas mais comuns são sensação de fraqueza, dores pelo corpo, dores musculares e articulares, e uma sensação de falta de ar, sem, contudo, ter queda de saturação sanguínea de oxigênio. Esses fenômenos são mais comuns em pacientes do sexo feminino, mais velhos e mais graves”, explica o médico, que em seguida pontua quais as sequelas mais comuns, segundo os relatos de pacientes.

“As sequelas neurológicas mais comuns relatadas são dor de cabeça, e questões da concentração, da memória. Raramente você tem outros sintomas relacionados com a Covid”, completou o médico, que ainda ressaltou que não há, dentro da medicina, a certeza do quanto esses sintomas estão relacionados com o pós-Covid: “Outras coisas podem acontecer com esses pacientes. Até que ponto isso pode estar relacionado com a Covid, de fato, a gente ainda não sabe direito. Estão relatados sintomas como perda de cabelo, de memória, dificuldade de concentração, ansiedade, depressão, tentativas de suicídio, insônia”, explicou.

Outra preocupação que atinge as pessoas recuperadas da Covid está ligada à saúde sexual. Recentemente, viralizou a notícia de um homem que afirma que o seu pênis encolheu cerca de 4 centímetros após contrair a doença, em julho do último ano. O estadunidense, que teve a identidade preservada, também disse ter apresentado um quadro de disfunção erétil. A história foi divulgada pelo jornal britânico Daily Maily. Outro caso relacionado à saúde sexual pós-covid foi relatado por um sobrevivente da doença na Áustria. Desta vez, um garoto de 12 anos alegou ter tido uma ereção de 24 horas por conta de coágulos no pênis, conhecido como priapismo. 

Sobre os possíveis impactos da Covid-19 na vida sexual dos pacientes, o infectologista confirma que existem casos de disfunção erétil, mas que ainda não se sabe, até o momento, se as sequelas têm a ver com doença em si ou pelo fato do indivíduo ficar mais debilitado. 

“Existem relatos de disfunção erétil, mas não se sabe se isso tem a ver com a condição clínica do indivíduo pós-Covid, no sentido de que ele fica mais debilitado, ou se tem a ver com a Covid. Mas, existem relatos de disfunção erétil, sim”, afirma.

Ainda sobre a formação de coágulos, um dos riscos apontados pós-covid é o da trombose. A relação entre as dua, doenças já é alvo de discussão e estudos desde o primeiro ano da pandemia, em 2020. Um levantamento feito no mesmo ano pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular aponta que 39% dos especialistas atenderam, pelo menos, um paciente com Covid e trombose. Em 82% dos casos, o quadro era de entupimento nos membros inferiores, e 51% eram adultos entre 20 e 40 anos. É importante lembrar que outros fatores influenciam no quadro de trombose, como tabagismo, diabetes, hipertensão, idade, problemas de imobilidade e obesidade.

Internação

O período de internação também costuma deixar sequelas nos pacientes. É o caso de Gabriel Evangelista, que chegou a ser intubado por 11 dias e relata dificuldades para mover o braço direito, pelo período que ficou com a parte do corpo imobilizada. Ele ainda afirma que a parte respiratória foi a mais fácil de recuperar, mesmo com o auxílio inicial de uma máquina de oxigênio. 

"Eu ainda tenho sequelas da internação, não da doença em si. A parte respiratória foi o que eu recuperei mais rápido, depois da alta. Fiquei quase um mês hospedado na casa de meu pai, lá ja tinha uma máquina de oxigênio. Usei umas duas vezes, no máximo, depois não precisei mais", relata o paciente, que ainda disse ter perdido massa muscular e passado por mais de 30 sessões de fisioterapia. 

"A perda de massa muscular, eu perdi 15 kg durante a internação, perdi todos os músculos, fiz mais de 30 sessões de fisioterapia, e depois fui voltando a ter massa muscular. Precisei de um andador [...] E ainda tenho algumas sequelas no braço direito, meu dedo indicador não recuperou a sensibilidade total. Imobilizaram meu braço e eu perdi uma parte da sensibilidade. Eu já estou normal, voltei a trabalhar este ano, em janeiro, não perdi nada físico, não fico cansando", afirma. 

* Sob a supervisão do editor Rafael Tiago Nunes

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