Covid-19: Entenda o que falta para a pandemia ser reclassificada como endemia
No dia 16 de março, em evento na Bahia, o presidente Jair Bolsonaro declarou que pretendia alterar classificação de cenário epidemiológico até o dia 31 de março; Ministério da Saúde afirmou nesta quarta (30) não ter prazo
Foto: Domingos Júnior/Varela Net
O presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou no dia 16 de março, em evento na Bahia, que pretendia reclassificar, até o dia 31 do mesmo mês, a pandemia da Covid-19 no Brasil para uma situação de endemia. No entanto, nesta quarta-feira (16), o Ministério da Saúde afirmou que não pretende decretar o "fim da pandemia" nos próximos dias.
A alteração do cenário epidemiológico no país modifica o estado de emergência de saúde pública. Nesse sentido, o governo federal poderia flexibilizar algumas medidas restritivas em vigor desde 2020 por conta do vírus.
O Brasil registrou até a última terça-feira (29) 659.294 mortes desde o início da pandemia, além de 29.8881.977 casos registrados do novo coronavírus.
Entenda a classificação epidemiológica
Um cenário epidemiológico de uma doença pode ser definido por vários termos. Os conceitos variam de acordo com o alcance, impactos para as populações e previsibilidade da doença.
"Na endemia você tem uma previsibilidade dos números de uma determinada doença, por exemplo: a gente sabe, mais ou menos, a quantidade de pacientes que adoece por Influenza anualmente no Brasil. Já na epidemia isso não acontece, os números são instáveis e, em geral, você tem alteração na quantidade de pessoas que adoece em relação ao que habitualmente ocorre ao longo do tempo com aquela doença", explica o médico infectologista Adriano Oliveira.
O conceito de pandemia, por sua vez, considera a extensão da doença a nível mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) é a responsável pela declaração de estado pandêmico. A agência classificou a Covid-19 como pandemia no dia 11 de março de 2020.
De acordo com o infectologista drº Adriano, ainda não é o momento para mudar a classificação do cenário epidemiológico no país. "Nós não temos segurança para dizer que os números da Covid são previsíveis e a gente não teve tempo suficiente para saber como é o comportamento edêmico dessa doença. (...) No momento que você define uma doença como edêmica, o seu comportamento diante dela (doença) muda, justamente porque a doença se torna previsível você começa a tomar atitudes dentro dessa previsibilidade. Qual previsibilidade a gente da Covid? Zero, nenhuma", pontuou.
*Sob a supervisão do editor Rafael Tiago Nunes
