Vereador gaúcho que ofendeu baianos resgatados em vinícola escapa de cassação

A Câmara Municipal de Caxias do Sul (RS) rejeitou a cassação do mandato Sandro Fantinel (sem partido), vereador que ofendeu trabalhadores encontrados em condição análoga à escravidão em vinícolas na Serra Gaúcha.

O que aconteceu

Em sessão na tarde desta terça, 13 dos 23 vereadores da cidade votaram pela perda de mandato de Fantinel. Eram necessários, porém, pelo menos 16 votos para cassar o empresário bolsonarista. Outros nove parlamentares votaram pelo arquivamento da acusação de quebra de decoro — um voto a mais do que o necessário para rejeitar a cassação. 

O próprio vereador, que foi expulso do Patriotas, se absteve na votação. Em fevereiro deste ano, Fantinel subiu à tribuna e deu a entender que os homens, na sua maioria baianos, são preguiçosos e sujos. O vereador também menosprezou a exploração dos trabalhadores por parte dos empresários e perguntou se as empresas terão que colocá-los em "hotel cinco estrelas".

 Ele ainda aconselhou empresários da região: "Não contratem mais aquela gente lá de cima", disse, referindo-se a trabalhadores do Nordeste. Em outro trecho, relacionou os motivos que o levaram a essa conclusão. "Com os baianos, que a única cultura que têm é viver na praia tocando tambor, era normal que fosse ter esse tipo de problema", detalhou. 

Fantinel afirma que apenas fez uma fala infeliz " uma fala infeliz, eu fui infeliz, eu estava num momento infeliz, eu deixei muito claro meu arrependimento, peço novamente desculpas e perdão às pessoas, à comunidade, ao povo que se sentiu ofendido."

Hoje, o vereador se disse arrependido em um pronunciamento de pouco mais de cinco minutos. Onde por diversas vezes ele foi interrompido por gritos como "racista" ou "pede para sair". 

Ele afirmou que, na epoca, pediu para que as declarações ofensivas fossem retiradas dos canais e que se retratou. Porém, segundo o político, isso chegou até a imprensa pois "não interessava, não dava ibope". Fantinel disse que cada pessoa pode fazer interpretações diferentes das situações, inclusive os próprios juízes. 

"Nós aqui todos nós sabemos que quando um crime é julgado por quatro juízes diferentes, os resultados são diferentes, por quê? Porque cada juiz tem o seu entendimento sobre o seu assunto e quer o acusado goste ou não, tem que ser respeitado. E é isso que importa."

Afirmou ainda que "precisava levar um baque muito grande para mudar" e que "a ideologia radical não fará parte" do seu cotidiano. O que eu posso dizer é que o arrependimento é explícito e para complementar minha fala eu quero dizer o seguinte, não matei ninguém, não estuprei, não roubei, não desviei, não maltratei ninguém e isso está dentro de mim nos meus 55 anos de idade. Nunca fiz isso. Ao contrário de mim, tem gente que fez isso e está livre e que foi perdoado."